DIVISAS. Verba visa atenuar atrasados dos expatriados. Só de trabalhadores portugueses aguardavam por transferência 160 milhões de euros no final de Julho.

Cerca de 10,6 milhões de dólares é o valor disponibilizado pelo Banco Nacional de Angola (BNA) para a cobertura dos salários dos expatriados na última secção de venda de divisas ao mercado primário num valor global que ronda os 209,7 milhões de euros, contra os 226,7 milhões da secção anterior.

No relatório, o BNA refere que, no período de 17 a 21 de Outubro, a disponibilidade de divisas caiu 7,5% relativamente ao período anterior.

O VE apurou que a cobertura dos salários dos expatriados abrange a assessoria prestada por entidades externas na assistência técnica de reestruturação de vários sectores da actividade pública.

De trabalhadores portugueses, segundo as autoridades lusas, aguardavam por transferência, no final de Julho, cerca de 160 milhões de euros em salários. A disponibilidade de divisas para o pagamento de salários dos expatriados, de acordo com a construtora Mota-Engil Angola, é uma medida que visa atenuar o problema dos atrasados de muitos trabalhadores do sector da construção, apesar de a empresa defender o aumento das quotas para aliviar a asfixia do mercado.

Em Setembro, o BNA disponibilizou quase 75 milhões de euros em divisas para salários de expatriados, o que tem vindo a aliviar a pressão sobre trabalhadores que não faziam transferências há mais de um ano. Milhares destes trabalhadores começaram a regressar a Portugal devido à situação económica em Angola.

Essa quota, de acordo com o economista Samora Kitumba, pode contribuir para assegurar o mercado de crédito e sustentar a actividade das micro e pequenas empresas, “visto que muitas delas se debatem com sérios problemas financeiros”.

A importação de alimentos, indica o BNA, foi contemplada com 93,3 milhões de euros (cerca de 104,4 milhões de dólares), enquanto a assistência ao crédito mereceu uma fatia de 17,9 milhões de dólares.

O relatório do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial durante o período em referência, contrasta com os 226,7 milhões de euros (cerca de 249,37 milhões de dólares), disponibilizados na semana anterior, com um registo de queda na ordem dos 30%.

Do valor leiloado, indica o banco, 17,7 milhões de euros foram para garantir as necessidades de várias empresas e 17,8 milhões de euros foram para as operações de telecomunicações. As operações de viagens, ajuda familiar, saúde e educação no estrangeiro saldaram-se em 17,9 milhões de euros.

Desde Março que o BNA apenas vende divisas em euros em consequência da falta de correspondentes bancários americanos em Angola, obrigando a autoridade monetária nacional a recorrer ao mercado europeu.

O incumprimento de regras no sistema financeiro angolano obrigou o Standard Chartered a fechar as ’torneiras dos dólares para o mercado angolano’ depois da penalização que sofreu nos Estados Unidos da América por branqueamento de capitais.

Quanto à taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, esta permaneceu inalterada, nos 166,7 Kz por cada dólar e nos 186,2 Kz por cada euro.