BNI desfaz-se do Facilcred sem indicar novo dono
VENDA. Banco de Mário Palhares alienou a totalidade das participações no único serviço de microcrédito da instituição, sem dizer a quem vendeu ou como terminaram os seis anos de actividade. Entidade nunca divulgou resultados individuais desde que foi criada em 2012. Balanço de 2017 fecha positivo, com avanço de 8,7% nos lucros.
O Banco de Negócios Internaconal (BNI) deixou de ser o detentor da Facilcred, unidade de microcrédito da instituição, ao alienar a totalidadade da sua participação no negócio criado há seis anos. A decisão está espelhada numa nota da gestão da entidade, anexada ao balanço de 2017, a que o VALOR teve acesso.
O conselho de administração do BNI não detalha os contornos que guiaram o negócio, nomeadamente a quem vendeu as participações, o valor da operação, nem mesmo sobre o desempenho individual do organismo desde que foi instituído, em Agosto de 2012.
“Em 31 de Dezembro de 2016, o Grupo BNI alienou a totalidade da participação na Facilcred pelo valor de aquisição líquido de imparidade, não tendo sido reconhecido nenhum resultado no exercício de 2017”, anunciou a entidade, no preâmbulo do balanço do ano passado, em que assume não ter tido nenhum resultado no período. Com capital social inicial de 300 milhões de kwanzas, o Facilcred foi lançado com o objectivo de apoiar pequenos empreendedores, através dos produtos ‘fácil empreendedor’, ‘fácil consumo’, ‘fácil estudante’ e ‘fácil solidário’, com valores entre os 50 mil e os 25 milhões de kwanzas.
Investimeto cai
Com a venda da Facilcred e a “intenção de venda” da sucursal, BNI Europa (BNIE), o banco reduz consideravelmente o seu investimento nas subsidiárias e associadas. Desde 2016 que o BNIE é considerado uma unidade operacional descontinuada, posição já assumida nas contas do ano passado e reafirmadas no balanço de 2017.
O banco, liderado por Mário Abílio Palhares, entende como associadas “todas as empresas sobre as quais o Grupo [BNI] detém o poder de exercer influência significativa sobre as suas políticas financeiras e operacionais, embora não detenha o seu controlo”.
Assim, e até finais dos dois últimos anos, o banco garante não ter feito investimentos em nenhuma das empresas associadas. “Em 31 de Dezembro de 2017 e 2016, o banco não detém nenhum investimento em empresas associadas”, assegura a gestão.
Balanço fecha positivo
Apesar dos cortes nos planos de investimento, o balanço fica marcado por um avanço de 8,7% nos lucros, ao sair de 2.193,4 milhões de kwanzas, para os actuais 2.384,8 milhões, ajudados pelas operações cambiais e margens financeiras. Os auditores indenpendentes colocaram reservas ao balanço, pelo facto de as contas não terem sido elaboradas de acordo com os pressuspostos do IAS 29, mecanismos para a elaboração de contas em economias hiperinflacionárias, medida que, desde já, foi contestada pelo Banco Nacional de Angola e pela Associação Angolana de Bancos (ABNC), às quais os bancos se apoiam. Até 31 de Dezembro, o grupo de accionistas do BNI compreendia os nomes de Mário Abílio Palhares, com maior capital investido, 33,28%, João Baptista de Matos, detentor de 11,63%, o grupo BGI, com 10,00%, José Toedoro Garcia Boyol, com 5,41% e Ivan Leite Morais, com 5,29%. Também constam os nomes de Óscar Tito Cardoso Fernandes (5,0,2%), Arnaldo Leiro Octávio (4,32%), Amarildo Délcio de Carvalho Viegas (4,00%), Joaquim Manuel Nunes (3,70%), Leonel da Rocha (3,21%), Rui da Cruz (2,11%), Mário de Almeida Dias (1,11%), Manuel Arnaldo Calado (1,10%) e vários minoritários que, no conjunto, respondem por 2,5%.
JLo do lado errado da história