BPC consome ?5,7% das divisas para ‘limpar gap’ da antiga gestão
BANCA. Instituição foi o quarto e sexto maior destino das divisas que o Banco Nacional de Angola colocou no mercado nas duas últimas sessões do primeiro trimestre. De um total de 592,6 milhões de euros, o banco absorveu perto de 6%, para o programa de saneamento da gestão do banco. Outros bancos só receberam 10,5 milhões.
O Banco Nacional de Angola (BNA) fechou o primeiro trimestre com uma colocação de 592,6 milhões de euros, no mercado cambial, com o Banco de Poupança e Crédito (BPC) a encaixar 34 milhões, para o programa de saneamento de responsabilidades da entidade, em duas sessões seguidas, de acordo com números do banco central compilados pelo VALOR.
Com uma colocação de 493,7 milhões de euros ( 551,3 milhões USD, ao câmbio do BNA), na antepenúltima semana de Março, o banco estatal absorveu do leilão de divisas 29,5 milhões, equivalentes a quase 6% do total, para o programa de saneamento do banco, iniciado no ano passado, com a destituição da administração de Paixão Júnior.
A fechar o trimestre, o banco captou mais 4,5 milhões de um total de 98,9 milhões de euros, numa sessão em que o maior volume das divisas, no valor de 53,7 milhões, serviram para cobrir encargos para a cobertura de operações do sector petrolífero, e mais 8,3 milhões para as “necessidades de empresas diversas”.
O programa de saneamento e reestruturação do BPC teve como base o ano de 2016, com o afastamento da equipa de Paixão Júnior à frente do banco, ao fim de 15 anos de mandato. Mas os problemas do banco vinham antes da queda desta administração.
AUDITORES ?‘CRITICAM’ GESTÃO
Já em Dezembro de 2015, uma equipa de auditores do banco tornou público, em relatório, o facto de o banco ter estado a braços com 147 insuficiências no controlo interno, abrangendo as áreas de crédito, depósitos, mercado monetário e a divulgação e preparação de informação financeira.
No relatório, a área de crédito foi a que levou maior reserva dos auditores do banco, mas apenas em 2016 se ficou a saber dos níveis de crédito de cobrança duvidosa no BPC, que, segundo o ministro das Finanças, Archer Mangueira, por altura do empossamento da equipa de Zinho Baptista no BPC, está avaliado em 218,418 mil milhões de kwanzas, reforçando assim o programa de saneamento e reestruturação do banco.
As últimas vendas foram realizadas entre 20 e 31 de Março, num total de duas sessões, em que o banco, agora liderado por Ricardo d’Abreu bateu os restantes bancos ao leilão, que só receberam do BNA pouco mais de 10 milhões de euros, precisamente 10,5 milhões.
ALIMENTAÇÃO LEVA MAIS
Na semana de 20 a 24, as operações de bens alimentares foram as que absorveram a maior fatia das divisas colocadas ao mercado, com 212,9 milhões, seguida das operações de cobertura para o sector petrolífero, que não foi além dos 81,7 milhões de euros.
As demais alocações serviram para acudir pressões nos sectores da agricultura (35,7 milhões), empresas diversas (32,0 milhões), Saúde (15,1 milhões), viagens, ajuda familiar, saúde e educação (13,4 milhões), cartões de crédito (13,4 milhões), Organismo do Estado (13,1 milhões), cartas de crédito (7,7 milhões), necessidades dos bancos (6,0 milhões), além das pescas, operações com remessas e cobertura a fonecedores do BNA.
Na semana seguinte, a última do período, a sessão vendeu divisas para as coberturas diversas, desde o sector petrolífero, necesssidades com bolsas de estudos, bancos Telecoms, companhias aéreas a compras de peças e assessórios diversos, numa operação que largou um total 98,9 milhões de euros.
Nos dois últimos relatórios de mercado monetário e cambial, o banco central não especifica em que tipo de “saneamento de responsabilidade” o banco aplicaria o montante, no entanto, as sucessivas alterações na administração e o programa de reestruturação em curso ajudam a entender o destino dos 34 milhões de euros.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...