Brasil ‘aquece’ com fusão de ministérios
ELEIÇÕES. Estudo da equipa de Bolsonaro sugere que órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) devem estar na estrutura de um superministério.
Diante de críticas de sectores de exportação do agronegócio, a equipa técnica do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, que disputa a 2.ª volta no próximo dia 28, rejeita uma fusão das pastas do ambiente e da agricultura e descarta romper o Acordo de Paris para o controlo do aquecimento global.
Um estudo a ser preparado por auxiliares de Bolsonaro, que lidera as sondagens das presidenciais, ressalta que órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) devem estar, num eventual governo, na estrutura de um superministério de infra-estruturas ou manter-se como pasta independente integrada ao sistema de defesa nacional. A decisão final será tomada por Bolsonaro, que espera uma redução de ministérios.
Na quinta-feira, em entrevista ao Jornal Nacional, Jair Bolsonaro disse que a junção dos ministérios não dificultaria a defesa do ambiente. “Não dificulta porque poderia nomear uma pessoa do mesmo perfil ideológico na agricultura e no ambiente. O que não pode continuar a acontecer? Uma briga entre os ministérios.”
Nas últimas semanas, no entanto, o grupo de campanha do PSL recebeu análises de especialistas em comércio exterior que prevêem dificuldades com fornecedores da Europa se um possível governo confirmar o aniquilamento do Ambiente e sinalizar para um aumento das taxas de desmatamento na Amazónia.
Desde a pré-campanha, os auxiliares de Bolsonaro já trabalhavam com a perspectiva de que uma fusão era inviável administrativamente. Argumentam que a área ambiental actua em temas de infra-estrutura e energia, por exemplo, sem conexão com a Agricultura. As críticas generalizadas reduziram a possibilidade da integração.
ALERTA
O consultor de assuntos internacionais Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, alertou que a questão ambiental está interligada ao comércio com outros países. E citou a importância de manter o Brasil no Acordo de Paris, assinado em 2015 para travar o aquecimento global. O ex-diplomata ainda alertou para uma proposta de transferir a embaixada em Israel de Telavive para Jerusalém, o que desagradaria aos países muçulmanos que compram carne brasileira, e contactos da campanha com Taiwan, que tem causado mal-estar com os chineses.
Nas conversas com a equipa de Bolsonaro, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que deve indicar o nome para chefiar o novo ministério, garante não compactuar com o fim dos órgãos ambientais. A deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da FPA e apontada para assumir o pelouro, chegou a elogiar em público a fusão das pastas, mas, nos bastidores, a parlamentar e boa parte da bancada temem que a fusão prejudique a imagem do sector especialmente nos países europeus.
APOIO AO CANDIDATO
Após trocarem críticas e acusações, num debate televisivo, os candidatos João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) “elegeram” Jair Bolsonaro como próximo presidente do Brasil nas considerações finais.
“O Brasil cansou dessa polarização entre PT e PSDB. São Paulo é o único Estado onde essa briga está viva”, disse Márcio França nas considerações finais, ao pedir ao eleitor paulista que quebre essa tradição também no Estado. “Sabemos que a eleição nacional está próxima do fim. O que importa é que o próximo presidente una todos os brasileiros. Não podemos continuar assim.”
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