Brasil quer reforçar exportações de fruta
DIPLOMACIA. Em vésperas de eleições, quando as sondagens apontavam para empates técnicos e a necessidade de haver uma segunda volta, empresários brasileiros forçam a diplomacia a pressionar Donald Trump para aceitar a fruta brasileira.
No fecho das urnas, no domingo, as principais sondagens no Brasil apontavam para um empate técnico entre Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT, com Ciro Gomes, PDT, à espreita. A confirmarem-se as sondagens, obrigatoriamente o Brasil terá de efectuar uma segunda volta a ser disputada entre os dois mais votados.
Na ‘guerra’ de campanhas, Jair Bolsonaro tem sido acusado de ser fascista, racista, homofóbico e anti-pobres. Recebeu apoios da extrema-direita brasileira e de líderes de seitas religiosas. Defende o fim da ‘bolsa família’ e o aumento de combate ao crime com a possibilidade de permitir a pena de morte, a tortura e as execuções sumárias, sobretudo aos afrodescendentes. Apesar disso, num país que é o segundo com o maior número de negros no mundo, Bolsonaro aparecia como favorito com projecções a apontar entre os 39 e os 41%.
Do outro lado, o ex-deputado e ex-ministro Fernando Haddad é acusado de ser apenas “uma marioneta de Lula da Silva”, que alegadamente lhe dá ordens da cadeia, onde se encontra preso há meses a cumprir uma pena de 12 anos. Haddad entrou tarde na campanha, a aguardar que o Supremo Tribunal desse ‘luz verde’ à entrada de Lula da Silva na corrida presidencial. O candidato do PT conseguiu, ainda assim, colocar-se em segundo lugar nas sondagens, a sete pontos do rival Bolsonaro.
À margem das eleições, mesmo sem saber o resultado, os principais portadores de frutas querem entrar na guerra comercial com os EUA.
O presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, avisou que pedir ao Itamaraty, para incluir o acesso ao mercado norte-americano as frutas brasileiras na agenda de um eventual debate com Donald Trump.
No princípio da semana passada, Donald Trump criticou a relação comercial com o Brasil e Índia. Para o sector exportador brasileiro, se as críticas de Trump resultarem numa eventual pressão do governo dos EUA por renegociar as tarifas entre os dois países, a agenda do diálogo bilateral terá de incluir um debate sobre as barreiras aos produtos nacionais. No caso das frutas, o mercado norte-americano consome apenas 50 milhões em exportações brasileiras, de um total de 840 milhões em vendas de frutas nacionais para o mundo.
De acordo com a Abrafrutas, barreiras ao mamão, manga, citrinos e as taxas de importação de 28% sobre o melão estão entre os principais problemas no mercado norte-americano. “Essa pode ser uma boa oportunidade para falar das barreiras que sofremos”, afirmou Luiz Barcelos, considerado como o maior exportador de melão do mundo e com uma produção em 11 mil hectares.
Terceiro maior produtor mundial
Nos últimos anos, o Brasil subiu para 3.º maior produtor de frutas do mundo, superado apenas pela China e Índia.
Enquanto o Brasil espera chegar a quase mil milhões de dólares em vendas, em 2018, as taxas mostram o Equador com exportações de 3,3 mil milhões de dólares em frutas e o Chile com 4,5 mil milhões. O caso que mais chama a atenção do sector privado brasileiro é o do Peru. “Em 2000, o Brasil exportava 500 milhões de dólares em frutas e o Peru 100 milhões”, contabiliza Barcelos. “Hoje, o Brasil exporta 840 milhões de dólares e o Peru vende mais de 2,7 mil milhões”, alerta.
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, também defende que uma eventual negociação com os norte-americanos possa incluir as barreiras sofridas pelos produtos brasileiros. “Essa pode ser uma oportunidade para falar desses temas”, declarou.
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