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Sem frota e com DIFICULDADES OPERACIONAIS

Cabo Verde Airlines proibida de voar para Itália

23 Jul. 2018 Valor Económico Mundo

AERONÁUTICA. Problemas operacionais da operadora aérea verificam-se desde 2 de Julho, com atrasos na reposição da frota. Itália, um dos principais ‘fornecedores’ de turistas, cansou-se dos constantes atrasos da companhia.

Air Cabo Verde

A Cabo Verde Airlines, transportadora aérea cabo-verdiana, está proibida, desde 20 de Julho, de voar para a Itália. A interdição tem que ver com transtornos causados pela operadora, nos últimos dias, com a suspensão de voos, deixando vários passageiros em terra.

A Agência Nacional de Aviação Civil (ENAC) da Itália explica que solicitou uma lista de passageiros afectados por esta decisão, notificando-a para suspender a venda de bilhetes com destino à Itália a partir da data da suspensão das licenças.

De acordo com a Panapress, salvaguardando os direitos dos passageiros afectados, a ENAC manteve contactos com o consulado brasileiro para “acompanhar o redireccionamento de passageiros, tendo em vista o facto de que muitas pessoas tinham passagens compradas em voos cancelados provavelmente com o Brasil como destino final”.

O regulador italiano de aviação civil acrescenta ainda que vai continuar a acompanhar a situação e assegurar o cumprimento do Regulamento da Comunidade Europeia não apenas no que diz respeito ao reencaminhamento de passageiros que já possuam bilhetes, mas também fornecendo, de um modo mais geral, todas as informações necessárias aos utilizadores e ainda ao eventual reembolso do custo do bilhete e o pagamento da compensação financeira.

Desde o início de Julho, a Cabo Verde Airlines enfrenta sérias dificuldades para garantir ligações aéreas entre os aeroportos onde opera por dispor de uma ‘frota reduzida’. A administração da companhia aérea cabo-verdiana (ex-TACV) já reconheceu o problema, lamentando que mais de sete mil passageiros tenham sido afectados.

A operadora avança ainda que “há um esforço para a reposição da frota de aviões, reconhecendo, no entanto, “dificuldades inerentes ao processo”. A falta de aviões levou ao cancelamento de 55 voos, deixando em terra cerca de 7.550 passageiros, desde 2 de Julho.

A operação mantém-se suspensa, com voos cancelados e não há previsão exacta do regresso à normalidade. Segundo uma nota da transportadora, foi assegurada a protecção de 90% dos passageiros. “Estamos a trabalhar incansavelmente para remarcar todos os nossos passageiros em voos alternativos e garantir que cheguem ao seu destino da forma mais rápida e mais confortável possível”, lê-se num comunicado da companhia.

A gestão da transportadora aérea cabo-verdiana está, desde Agosto de 2017 e pelo período de um ano, sob contrato de gestão da empresa islandesa, a Icelandair, que tem como objectivo a reestruturação da Cabo Verde Airlines para ser privatizada ainda antes do final de 2018. Cerca de 200 funcionários foram dispensados.

Desde então, esta é a segunda vez que a transportadora fica sem voar por falta de aviões. O primeiro caso aconteceu em Setembro de 2017, por avaria do único aparelho que a companhia tinha. A companhia começou a operar com dois aviões da Icelandair em Novembro e, aquando da assinatura do acordo de gestão, o governo cabo-verdiano anunciou que a frota da empresa iria receber até Dezembro de 2018 mais três aviões. Na altura, o ministro do Turismo e Transportes, José Gonçalves, avançou que toda a tripulação dos aviões alugados à Icelandair passaria a ser cabo-verdiana.

A Cabo Verde Airlines tem estado a operar num regime em que tripulantes e aviões são alugados. Em Março, uma delegação da aviação civil nigeriana esteve em Cabo Verde para analisar e acelerar o processo de certificação da Cabo Verde Airlines, para que a companhia aérea pudesse realizar operações na Nigéria, o que deverá acontecer a partir de Outubro, conforme previsão de José Gonçalves.

Com um passivo acumulado de mais de 100 milhões de euros, a companhia, que mudou a sua base operacional da capital cabo-verdiana para a Ilha do Sal, assegura apenas as ligações internacionais, depois de ter sido cedido à Binter Cabo Verde o mercado doméstico. No entanto, vê-se novamente numa situação complicada com a proibição de voar para a Itália.