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ATÉ DEZEMBRO DESTE ANO

Caixa Angola antevê balanço com lucros a crescerem 80%

RESULTADOS. Administrador financeiro da sucursal angolana da Caixa Geral de Depósitos antevê resultados a crescerem em 80%. Reposicionamento do banco e diversificação das comissões ajudam nas contas.

 

Caixa Angola antevê balanço com lucros a crescerem 80%

O balanço financeiro do Banco Caixa Geral Angola (BCGA), de 31 de Dezembro deste ano, deve inscrever resultados líquidos a crescerem 80%, revelou ao VALOR o seu administrador financeiro, Francisco José Rosado dos Santos.

A contribuir para a subida considerável dos lucros estão as políticas de reposicionamento do banco e de diversificação dos resultados com as margens financeiras, além do contributo da carteira de títulos, que tem gerado receitas de comissões.

“Eu diria que vamos ter resultados a subirem muito, na ordem, talvez, dos 80%. Houve um reposicionamento forte do banco, diversificámos o ‘mix’ das comissões, reforçámos também a carteira de títulos e começámos a fazer aparições em mercados de capital ainda de forma muito embrionária, mas que já originou receitas de comissões nesse capítulo”, justificou o gestor.

De Janeiro a Dezembro do ano passado, as margens financeiras da sucursal do estatal português Caixa Geral de Depósitos (CGD) situaram-se nos 22.345,2 milhões de kwanzas, um salto de 5,5% face ao balanço de 2016, que inscreveu 21.178,1 milhões.

Registaram-se lucros de 7.656,2 milhões de kwanzas, valor 38,1% abaixo das margens registadas em 2016.

Aquisição?

Questionado sobre se o Caixa Angola tinha interesse em comprar bancos com dificuldades de reforço capital face à obrigatoriedade do Banco Nacional de Angola (BNA), Francisco dos Santos remeteu a questão aos accionistas, mas considera que a instituição vai continuar a manter a matriz de banco de média dimensão.

“Não nos vejo a entrar para o crescimento de massa ou aquisição de outros bancos. Vejo-nos a continuar como um banco de média dimensão, posicionado neste mercado para servir os clientes com os quais nos reposicionámos. Poderíamos comprar bancos que tivessem dificuldades para os tornar robustos, mas isso é uma decisão dos accionistas. Eu não vejo grande valor nisso, porque vejo que há algumas debilidades no sistema financeiro, mas que têm de ser resolvidas de uma forma diferente”, apontou.

Malparado acima de 20%

Outra estratégia seguida pelo Caixa Angola para manter eficiência na operação é de provisionar o crédito. Segundo o administrador, o balanço de 2017 fechou com malparado a situar-se nos 20%, o que “afectou” o banco. “O caixa também foi afectado pelo problema do crédito malparado, sobretudo nas operações de 2015 e 2016, tínhamos o balanço, na altura, concentrado em poucos créditos com grande peso. Um dos trabalhos que estivemos a fazer, agora em 2018, foi reduzir essa concentração, provisionar devidamente esses créditos e arrumarmos a casa nesse capítulo”, disse Francisco dos Santos.

O gestor não esconde o “grande desafio” de fazer crédito quando os níveis de incumprimento na banca são ainda muito elevados. “Fechámos o ano passado com valores acima dos 20% de malparado, estamos a falar de um rácio de imparidade sobre empréstimos que estão em incumprimento, mas contamos vir a fechar este ano com um rácio significativamente diferente, em torno dos 15 ou 16 %”, antevê.

RECREdIT COM ‘APERTOS’

Mesmo com os níveis de crédito em incumprimento a rondar os 20% no balanço de 2017, o banco afasta a possibilidade de vir a chamar a Recredit, a entidade criada para gerir crédito em situação irregular. “[A Recredit] ainda tem algumas dificuldades de implementação da sua actividade, está ainda numa fase embrionária para poder dar passos concretos nessa ajuda, mas é uma boa possibilidade”, justificou.

O plano do banco para inverter o quadro de crédito malparado passa por “dotar as operações das devidas imparidades, executar garantias que tínhamos sobre algumas operações que estavam em balanço e tentar fazer exercícios de recuperação através de imóveis e hipotecas”, apontou o gestor.

No país desde 1992, o Caixa Angola é instituição de direito angolano e conta, na estrutura accionista, com a PartAng (representado a CGD), com 51% , a Sonangol (24%), a Sonangol Holding (1%) e os empresários Jaime Freitas e António Mosquito, ambos com 12%.