DEFENDE PRESIDENTE DA AIA

Capitalização de empresas pode estabilizar preços

INFLAÇÃO. Variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) do mês de Outubro ultrapassou meta da inflação traçada pelo Governo de 38%, tendo variação homóloga se fixado em 40,1%.

O financiamento às empresas para o aumento da produção interna pode ser um caminho para se reduzirem os níveis de inflação, defende o empresário e economista José Severino para quem “sem esta medida será difícil conter a alteração do nível geral de preços”.

Em Outubro, a inflação ultrapassou a fasquia dos 38%, esperado pelo Governo, situação influenciada, sobretudo, pelas oscilações na classe mobiliário, equipamento doméstico e manutenção, que registou o maior aumento de preços com 4,99%. Vestuário e calçado, bens e serviços diversos, lazer, recreação e cultura também se destacaram na variação dos preços.

Severino diz, entretanto, que os níveis de inflação actuais não surpreendem, socorrendo-se da sua previsão, em 2014, que apontava mínimos de 14% para 2015, contrariando a então ‘utopia’ de sete a 8%, apresentada pelo Executivo.

Para o também presidente dos industriais angolanos, a tendência crescente dos preços “traça uma curva preocupante”, mas pode ser contida por via de um “pacto social”, orientado para a contenção da especulação, “visível em vários centros de distribuição que, já priorizados, importavam a 100 dólares e vendiam ao câmbio de 160”.

As restrições que se registam na produção interna, por um lado e, pelo ‘jejum em cambiais’ e por outro, pela acumulação em milhares de kwanzas, também pressionam a taxa de inflação sobre o mercado cambial informal, observa o presidente da AIA.

Sobre a estabilização da economia, Severino vê na desvalorização da moeda uma “questão ‘sine qua non’” para a saída da crise produtiva “num país que tem todas as condições para ser autossuficiente”, elevando-se como exportador de bens de consumo e de materiais de construção.

Na mesma linha discorre o economista Carlos Baptista que aponta a desvalorização do kwanza como o “antídoto que pode estabilizar a economia”, apesar de admitir que “pode ser dolorosa”. A ideia, como defende, “é retirar a apetência epidémica por importações ‘baratas’, de produtos como o peixe e a carne, que estão isentos de taxas aduaneiras e são comprados em volumes e inaceitáveis, em detrimento do grande potencial produtivo nacional e da vontade empresarial da maioria”.

Baptista nota que é importante “esquecer” que o mercado cambial informal é meramente residual, já que “tem sido o suporte das famílias e empresas para pagamentos a expatriados e para a importação de bens diversos”.