Com 30 anos e ?a respirar saúde financeira
ARTES CÉNICAS. Oásis é dos poucos grupos que não depende das actuações para a sua sobrevivência. 25 membros são assalariados pela Força Aérea Nacional. Já venceu os prémios Fenacult, em 1989, e Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2013.
Actualmente com 25 membros, o grupo teatral Oásis está a celebrar, durante este mês, 30 anos de existência. Foi criado em 1988, numa iniciativa de Afrikano Kangombe, professor e escritor. O grupo hoje assume não ter dificuldades financeiras. Os actores têm os salários em dia, pagos pela Força Aérea Nacional, além de terem direito a outras regalias.
Neste ano, ao contrário das outras celebrações, nos anos anteriores, vai realizar-se uma gala e uma ‘excursão’, uma espécie de viagem à volta do percurso do grupo, com a recolha de depoimentos de quem assistiu, de perto, a essa trajectória. Os responsáveis do Oásis querem aproveitar o aniversário para fazer uma reflexão em torno daquilo que é o teatro actualmente e os seus desafios.
O principal estímulo para este ano é intensificar as actividades de palco e tentar a massificação do teatro a nível nacional. “Estão a estudar-se os custos para a concretização deste projecto”, adianta Afrikano Kangombe, dramaturgo e fundador do grupo.
Oásis é um grupo profissional e é também um dos poucos com uma extensa carreira no teatro nacional e internacional. A sua ‘filosofia’ é baseada nas experiências do folclore angolano, desdobrando-se pela modernidade das artes dramáticas.
Nos últimos anos, enriqueceu-se com outras formas de expressão cénica, como a dança e canto, bem como adaptações de textos para a dramaturgia. Das cinco gerações que já lançou para o mundo teatral, destaca-se Victoria Soares ‘Tia Totonha’, Maria de Nazaré Francisco, Solange Feijó, Zulmira Maria de Brito, Beto Kassua, encenador do Etu Lene, Filipa Adão, ‘Feia’, entre outros.
Membro activo desde 1996, Nelson Alexandre, actor, cenógrafo e chefe adjunto, pensa que o teatro em Angola “está bom”, mas gostaria que houvesse mais infra-estruturas e aconselha os grupos a terem uma maior interacção e deixar de lado as forças.
“Todos devemos lutar pelo mesmo objectivo, que é a arte”, reforça. Surgimento do grupo Oásis nasceu a 13 de Março 1988, resultante da dispersão, em 1987, do grupo ‘Horizonte 2000’ que pertencia à brigada ‘21 de Janeiro’ da Força Aérea Nacional. Com o intuito de expandir o teatro, Afrikano Kangombe reuniu os restantes membros de modo a formar o ‘Oásis Ango-Hotel’, uma forma de ‘piscar o olho’ ao Ango-Hotel que foi patrocinador até depois da realização do primeiro Fenacult (Festival Nacional de Cultura).
Na altura, o Ango-hotel geria os hotéis de grande luxo em Luanda. “Achei que, dando o nome do grupo de Ango-hotel, seria um chamariz para conseguirmos patrocínio e, por conseguinte, conseguimos alcançar o nosso objectivo”, revela Afrikano Kangombe. Com a ruptura do contrato, viu-se obrigado a procurar outros parceiros. Surgiu o interesse da Força Aérea Nacional que continua a patrocinar o grupo.
De Luanda à Europa
Com a peça ‘A morte de Elito Pacassa’, o Oásis ficou em segundo lugar no festival Fenacult, em 1989, e venceu o Prémio de Cultura e Artes, em 2013.
No repertório, constam ainda obras adaptadas como ‘Quem ficará no lugar’, de Pedro Pacavira, um livro sobre a vida de Njinga Mbande; ‘Quem tudo quer’, de Emídio Guerra, do livro com o mesmo titulo entre outras obras; ‘Três torres populares’; ‘As velhas profissões’; ‘Batuque’, a maior peça que Oásis tem, em que participou no Festival de Verão de Maputo, e era uma adaptação do livro ‘O feitiço da Rama de Abobora’, em que discute a perda da identidade cultural que se confunde com a perda da identidade mental.
E ainda ‘Kawalende’, de Uanhenga Xitu Participou ainda na 2.ª Bienal de Jovens Criadores da CPLP, com a peça ‘Michornas de Chongoli’, em 2001, em Portugal e nas comemorações do 4 de Abril (Dia da paz e reconciliação nacional), no Reino Unido, com espectáculos em Manchester, Birmingham e Conventry, com a peça ‘O Batuque’.
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