Supostos dados foram analisados entre 1980 e 2018

Consórcio de jornalistas revela alegados “esquemas financeiros” de Isabel dos Santos

20 Jan. 2020 Empresas & Negócios

Um consórcio de jornalismo de investigação revelou mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.

Consórcio de jornalistas revela alegados “esquemas financeiros” de Isabel dos Santos
D.R

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que, segundo a investigação, ajudam a explicar a fortuna da empresária.

Durante a investigação foram identificadas mais de 400 empresas (e respectivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos estaria ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

As informações recolhidas detalham, por exemplo, um alegado “esquema de ocultação” montado na Sonangol, que terá permitido a Isabel dos Santos transferir mais de 100 milhões de dólares para o Dubai, a favor de empresas controladas por seus parceiros.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal accionista, terá sido esvaziada, ficando alegadamente com saldo negativo no dia seguinte à exoneração da empresária.

Os dados divulgados indicam quatro portugueses supostamente envolvidos directamente nas operações financeiras: Paula Oliveira (administradora não-executiva da Nos e directora de uma empresa offshore no Dubai), Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), o advogado Jorge Brito Pereira e Sarju Raikundalia (administrador financeiro da Sonangol da gestão da empresária).

Isabel dos Santos, assim como o seu marido, já reagiu às denúncias, rotulando como “falsas”, porque baseadas em “documentos falsos”. Sindika Dokolo chegou mesmo a apontar o dedo ao Presidente João Lourenço e ao ex-vice-Presidente da República, Manuel Vicente, como estando por detrás da “campanha de perseguição”, ao mesmo tempo que apontou o dedo ao hacker português Rui Pinto, como tendo pirateado as informações de empresas detidas pelo casal.