Crédito em moeda estrangeira não pára de ‘encolher’ desde 2010
BANCA. Último relatório ‘Banca em Análise’ assinala recuo de cinco pontos percentuais no crédito em moeda estrangeira, libertado pelos bancos, em 2016, contra o montante cedido em igual período anterior. Se recuarmos a 2010, a diferença é ainda maior. Tendência acompanha os depósitos.
Os bancos comerciais com resultados financeiros do ano passado declarados anunciaram um recuo de cinco pontos percentuais (pp) no crédito em moeda estrangeira, ao sair de 35% em 2015 para 30% até 31 de Dezembro do ano passado, de acordo com o mais recente relatório ‘Banca em Análise’, que avalia o sector financeiro nacional nos 12 meses de 2016.
Com as margens de 31 de Dezembro do ano passado, faz sete anos que a concessão de empréstimos em moeda estrangeira, seja em dólares, seja em euros, não pára de diminuir, com a queda mais marcante a observar-se entre 2010 e 2013, quando os rácios do crédito saíram de 55% para apenas 32%.
Já o total de crédito líquido libertado – que inclui a moeda nacional e a estrangeira – ascendeu a mais de três biliões de kwanzas, representando um avanço de 12% face ao desempenho do ano anterior.
A Deloitte entidade autora do estudo, não dá detalhes sobre a contínua desaceleração do crédito à economia em moeda estrangeira, mas o facto pode ser associado à redução dos recursos em moeda estrangeira, face à queda das receitas petrolíferas, desde a segunda metade de 2014, como, aliás ,sinalizou o seu novo ‘country manager’, Duarte Galhardas, em mensagem de ‘boas-vindas’ no estudo.
“Apesar de, em 2016, se ter assistido a uma evolução positiva de alguns indicadores macroeconómicos globais, os baixos preços do petróleo continuaram a marcar o contexto macroeconómico, levando à estagnação do produto interno bruto, escassez de divisas e a um aumento substancial da inflação”, observou Galhardas, apelando ao Governo a uma maior atenção no processo de diversificação económica.
Também Amílcar Silva, presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC), considera ser “importante dar muita atenção aos programas para a diversificação”, porque, segundo defende, “são prioritários” na obtenção de divisas. “O crédito é a base do negócio dos bancos. Traz crescimento, emprego, aumento do consumo; gera diversidade económica; cria riqueza; proporciona qualidade de vida e ajuda a combater assimetrias”, considerou o mais antigo bancário angolano, citado no estudo.
Para as saídas em moeda nacional, a tendência é ascendente, apesar de um ligeiro recuo entre 2014 e 2015. Só de Janeiro a 31 de Dezembrodo ano passado, os níveis de créditos líquidos atingiram os 70%, mais cinco pp contra os 65% do exercício financeiro relativo a 2015.
BPC NA LIDERANÇA
Individualmente, o Banco de Poupança e Crédito (BPC) é a instituição que mais libertou em crédito, com 1.052.180 milhões de kwanzas. Aliás, este é o segundo indicador bancário – depois dos activos – que o banco domina há, pelo menos, quatro anos.
Na classificação por crédito, o Banco Millennium Atlântico (BMA) é o segundo maior, com 447.041 milhões de kwanzas cedidos, posição alcançada depois da fusão ocorrida em meados de 2016, entre os extintos bancos Privado Atlântico (BPA) e o Millennium Angola (BMA) e que relega o Banco Angolano de Investimento (BAI), com 379.864 milhões, para a terceira posição nos cinco maiores.
A lista dos ‘big five’ em crédito no ano passado fecha com o BIC e o Banco de Fomento Angola (BFA), que dispensaram, no período, 304.320 e 253.311 milhões de kwanzas, respectivamente.
VTB NA CAUDA
Do outro lado, estão as instituições bancárias que menos créditos libertaram. Este grupo, que integra o BAI Micro Finanças, o Banco Comercial do Huambo (BCH), o Banco Prestígio(BPG), o Banco de Desenvolvimento Rural (BIR) e o VTB, o valor mais baixo foi cedido por este último, que não foi além dos 30 milhões de kwanzas de crédito líquido à economia nos 365 dias do ano passado.
O BIR cedeu 167 milhões, o BPG com 234 milhões, o BCH libertou 236 milhões e o BMF, com maior valor entre os pequenos, cedeu 240 milhões.
DEPÓSITO ‘SEGUE’ TENDÊNCIA
Assim como no crédito, a tendência é a mesma com os depósitos. Ou seja, há cada vez menos dinheiro em moeda estrangeira a entrar nos bancos. De Janeiro a Dezembro do ano passado, por exemplo, os depósitos recuaram um ponto percentual, ao saírem de 34% em 2015 para 33% ate finais do ano passado.
Nesta rubrica, o BAI ‘rouba’ a primeira posição ao BFA, ao fechar o ano passado com depósitos a valerem 1.137.304 milhões de kwanzas, atirando o banco da Unitel para a segunda posição com um bilião de kwanzas nas contas. Vêm a seguir o BFA os bancos BPC (1.022.046), BIC (850.433) e o BMA (741.991).
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