Crimes económicos aumentaram 352,3%
JUSTIÇA. Novo contexto explica aumento de registos. Polícia avisa que os números podem estar ainda longe da realidade.
Durante todo o ano passado, Angola verificou um aumento de 352,32% no registo de infracções criminais económicas, ao passarem para 12.855 contra as 2.842 contabilizadas em 2016.
Dados do Comando-Geral da Polícia Nacional, a que o VALOR teve acesso, colocam a especulação e o exercício ilegal de funções públicas ou profissões tituladas entre os crimes mais frequentes.
Andrewyong Inaculo, director-adjunto do Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais, considera que, apesar do aumento do número global das infracções, os dados podem estar aquém da realidade. “Temos noção de que o que chega ao conhecimento da Polícia pode não reflectir a realidade. Se compararmos a alguns anos passados, a tendência é de que os números de crimes de natureza comum e os de natureza económica se aproximem e começa a haver algum equilíbrio na estatística, em geral”, observa Inaculo, atribuindo a tendência ao actual contexto político. “O que pode estar a acontecer é a cultura da denúncia por parte da população para os crimes económicos”, precisa.
Em relação a detidos, os dados da Polícia contabilizam 1.415 pessoas, menos 395 em relação a 2016, com os angolanos a destacaram-se entre os infractores com mais de mil detenções.
O Governo, que completa um ano de mandato este mês, elegeu, como bandeira, o combate à corrupção e aos crimes económicos. Desde a campanha eleitoral que João Lourenço tem enfatizado que quer “derrotar o gigante da corrupção”. E, para reforçar esse combate, foi criada, no final de Março, a direcção de combate aos crimes de corrupção, que passará a centralizar a investigação deste tipo de casos. O organismo vai funcionar como um novo serviço executivo central do Serviço de Investigação Criminal, órgão de dependência directa do Ministério do Interior.
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