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De estagiária a presidente

12 Dec. 2016 Emídio Fernando Gestão

TECNOLOGIAS. Filha de mãe solteira, nascida num dos subúrbios de Nova Iorque, integra lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo. Foi primeira negra a liderar uma empresa das 500 mundiais mais valiosas. E é símbolo de fidelidade à empresa: começou como estagiária na Xerox, que hoje lidera.

Além de presidente e directora-exceutiva da Xerox Corporation, Ursula Burns é o símbolo do sucesso, alcançado a pulso, e bem pode representar o ‘american dream’. Foi a primeira mulher afro-americana a ascender ao topo de uma empresa que consta na lista das 500 mais valiosas no mundo. Em 2014, ocupava a 22.ª posição na lista da Forbes.

Nascida em 1958, num dos subúrbios dominados por negros filhos de imigrantes da América Latina e África, Ursula Burns é filha de uma mãe solteira, de origem do Panamá. Nasceu e foi criada num centro comunitário que albergava pessoas desfavorecidas economicamente. Nunca chegou a conhecer o pai. Estudou num colégio católico, fez o bacharelado em engenharia no Instituto Politécnico da Universidade de Nova Iorque e concluiu o mestrado em engenharia mecânica, um curso geralmente dominado por homens, na Universidade de Columbia. Mas nunca exerceu a profissão. Fez toda a carreira na Xerox, onde entrou apenas como estagiária aos 22 anos, com assistente administrativa. Percorreu quase todos os departamentos e lideranças. Dirigiu os serviços corporativos, o fabrico e o sector de desenvolvimento de produtos. Chegou a vice-presidente em 2007, foi nomeada CEO em 2009 e depois presidente em 2010. Dos subúrbios, ‘saltou’ para a sofisticada Manhattan, onde reside com o marido, um antigo funcionário da Xerox, e com uma filha.

Ursula Burns faz questão de ser ela a dirigir as equipas negociais nas conversações com governos em todo o mundo e dirige directamente as maiores transacções. Foi assim que, pouco depois de ser nomeada CEO, liderou a maior aquisição na história da Xerox, a compra de Affiliated Computer Services, por 6,4 mil milhões de dólares, mas enfrentou contestações quando iniciou um processo de despedimentos que levou à saída de 500 trabalhadores da empresa.

Por causa do cargo e do seu papel social, Ursula Burns aparece regularmente na lista das revistas Fortune e Forbes como uma das mulheres mais poderosas do mundo. Além da Xerox, faz parte dos conselhos de administração da American Express Corporation, da Exxon Mobil Corporation e da Fundação Ford, entre outros cargos em institutos científicos e de investigação e em universidades. Também fornece conselhos de liderança a várias outras organizações comunitárias, educacionais e sem fins lucrativos, incluindo o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o Comité Olímpico dos EUA, a National Academy Foundation e FIRST (de inspiração e reconhecimento de ciência e tecnologia), entre outros.

Ainda em 2009, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, escolheu-a para ajudar a liderar o programa nacional de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) e simultaneamente foi nomeada presidente do Conselho de Exportação, do presidente, em 2015, após ser vice-presidente desde 2010.

 

A marca que é um verbo

Em inglês corrido nos Estados Unidos e em português no Brasil, Xerox já se transformou em verbo ou substantivo. É fotocopiar ou uma cópia. A marca, criada em 1940, entrou assim na cultura popular. Tudo começou quando uma pequena fábrica de produtos fotográficos, Haloid, criou uma fotocopiadora aproveitando a invenção de Chester Carlson, que criou a xerografia. Nascia assim a Haloid Xerox e posteriormente apenas Xerox. As máquinas revolucionaram as rotinas dos escritórios. Na década de 1970, a fábrica criou um centro de investigação que ainda recebeu a ajuda dos engenheiros de Steve Jobs. Estava encontrada a receita prefeita para associar as fotocopiadoras aos computadores, surgindo assim as impressoras, que se tornaram imprescindíveis até aos dias de hoje.

A Xerox espalhou-se por todo o mundo, tem mais de 130 mil empregados e está presente em 180 países. Domina mais de metade do comércio mundial de impressoras. A empresa norte-americana continua baseada em Stamford, no estado de Connecticut.