De estagiária a presidente
TECNOLOGIAS. Filha de mãe solteira, nascida num dos subúrbios de Nova Iorque, integra lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo. Foi primeira negra a liderar uma empresa das 500 mundiais mais valiosas. E é símbolo de fidelidade à empresa: começou como estagiária na Xerox, que hoje lidera.
Além de presidente e directora-exceutiva da Xerox Corporation, Ursula Burns é o símbolo do sucesso, alcançado a pulso, e bem pode representar o ‘american dream’. Foi a primeira mulher afro-americana a ascender ao topo de uma empresa que consta na lista das 500 mais valiosas no mundo. Em 2014, ocupava a 22.ª posição na lista da Forbes.
Nascida em 1958, num dos subúrbios dominados por negros filhos de imigrantes da América Latina e África, Ursula Burns é filha de uma mãe solteira, de origem do Panamá. Nasceu e foi criada num centro comunitário que albergava pessoas desfavorecidas economicamente. Nunca chegou a conhecer o pai. Estudou num colégio católico, fez o bacharelado em engenharia no Instituto Politécnico da Universidade de Nova Iorque e concluiu o mestrado em engenharia mecânica, um curso geralmente dominado por homens, na Universidade de Columbia. Mas nunca exerceu a profissão. Fez toda a carreira na Xerox, onde entrou apenas como estagiária aos 22 anos, com assistente administrativa. Percorreu quase todos os departamentos e lideranças. Dirigiu os serviços corporativos, o fabrico e o sector de desenvolvimento de produtos. Chegou a vice-presidente em 2007, foi nomeada CEO em 2009 e depois presidente em 2010. Dos subúrbios, ‘saltou’ para a sofisticada Manhattan, onde reside com o marido, um antigo funcionário da Xerox, e com uma filha.
Ursula Burns faz questão de ser ela a dirigir as equipas negociais nas conversações com governos em todo o mundo e dirige directamente as maiores transacções. Foi assim que, pouco depois de ser nomeada CEO, liderou a maior aquisição na história da Xerox, a compra de Affiliated Computer Services, por 6,4 mil milhões de dólares, mas enfrentou contestações quando iniciou um processo de despedimentos que levou à saída de 500 trabalhadores da empresa.
Por causa do cargo e do seu papel social, Ursula Burns aparece regularmente na lista das revistas Fortune e Forbes como uma das mulheres mais poderosas do mundo. Além da Xerox, faz parte dos conselhos de administração da American Express Corporation, da Exxon Mobil Corporation e da Fundação Ford, entre outros cargos em institutos científicos e de investigação e em universidades. Também fornece conselhos de liderança a várias outras organizações comunitárias, educacionais e sem fins lucrativos, incluindo o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o Comité Olímpico dos EUA, a National Academy Foundation e FIRST (de inspiração e reconhecimento de ciência e tecnologia), entre outros.
Ainda em 2009, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, escolheu-a para ajudar a liderar o programa nacional de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) e simultaneamente foi nomeada presidente do Conselho de Exportação, do presidente, em 2015, após ser vice-presidente desde 2010.
A marca que é um verbo
Em inglês corrido nos Estados Unidos e em português no Brasil, Xerox já se transformou em verbo ou substantivo. É fotocopiar ou uma cópia. A marca, criada em 1940, entrou assim na cultura popular. Tudo começou quando uma pequena fábrica de produtos fotográficos, Haloid, criou uma fotocopiadora aproveitando a invenção de Chester Carlson, que criou a xerografia. Nascia assim a Haloid Xerox e posteriormente apenas Xerox. As máquinas revolucionaram as rotinas dos escritórios. Na década de 1970, a fábrica criou um centro de investigação que ainda recebeu a ajuda dos engenheiros de Steve Jobs. Estava encontrada a receita prefeita para associar as fotocopiadoras aos computadores, surgindo assim as impressoras, que se tornaram imprescindíveis até aos dias de hoje.
A Xerox espalhou-se por todo o mundo, tem mais de 130 mil empregados e está presente em 180 países. Domina mais de metade do comércio mundial de impressoras. A empresa norte-americana continua baseada em Stamford, no estado de Connecticut.
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