Deloitte ‘apanha’ insuficiências ?nas contas ?do Banco Keve
AUDITORIA. Nota dos auditores externos às contas do banco levantam dúvidas sobre capacidade das provisões para crédito em situação irregular dos anos 2015 e 2016 e denuncia violação pelo banco de dois avisos e um instrutivo do BNA. As insuficiências ameaçam o futuro operacional da entidade sob a gestão de Arlindo Ngueva Rangel.
Um parecer de auditoria independente da Deloitte às contas de 2016 do Banco Regional do Keve (BKV) revela existirem insuficiências nas provisões criadas para prevenir o risco de perda de um volume de crédito cedido nos anos 2015 e 2016 e a manutenção operacional do banco.
De acordo com a nota do auditor, publicada no portal do banco, as insuficiências têm origem no incumprimento pelo banco de três regulamentos do Banco Nacional de Angola (BNA), precisamente os avisos nº11/2014 e nº12/2014 e o instrutivo nº09/2015, relativos à “classificação de risco das operações de crédito concedidos a entidades relacionadas”.
Apesar de o banco sob a gestão de Arlindo Ngueva Rangel ter feito um reforço para provisão de crédito de cobrança duvidosa, cedido nos anos 2016 e 2015, no valor de 6.926 milhões de kwanzas e de 2.858 milhões, respectivamente, o auditor independente não passou ao lado e pôs nota negativa ao balanço de 2016.
“Não obstante o reforço significativo das provisões para créditos de liquidação duvidosa(...), atendendo às insuficiências indicadas [da não observação dos avisos do BNA] e às conclusões que nos foi possível obter da análise específica da carteira de crédito concedido, dos juros de crédito e dos ‘outros valores a receber’, entendemos que as respectivas provisões são insuficientes para fazer face aos riscos a que se destinam e às perdas estimadas que, devido às referidas limitações e à informação disponível, não nos foi possível quantificar”, alertam os peritos auditores da Deloitte, criticando, ao mesmo tempo, o sistema informático em uso no Banco Keve.
Assim, e a avaliar pelos impactos das insuficiências detectadas, a Deloitte considera que o futuro operacional da instituição fica amarrado aos novos desenvolvimentos e aos investimentos a realizar pelos accionistas. “A capacidade do banco para continuar as operações depende do sucesso das suas operações futuras e da manutenção do suporte financeiro dos accionistas”, aconselham os auditores externos, no último ponto da nota. O conselho fiscal da entidade reconhece, no entanto, a existência das insuficiências, e já reportou ao conselho de administração sobre o facto, assim como se prevê um aumento de capital, medida a ser concretizada ainda no decorrer de 2017.
“O conselho fical expressa, no entanto, ser urgente e importante fazer face à reserva do auditor externo relacionado com o subsistema de crédito e outros valores”, admite o conselho fiscal, em nota anexa ao balanço de 2016, assinado pelo seu presidente Manuel Fernando Victor.
BALANÇO FECHA POSITIVO
Nas demonstrações de resultados, destaque vai para o lucro que avançou 203% para 2,4 mil milhões de kwanzas contra os 821,4 milhões de kwanzas do exercício financeiro de 2015. Outro indicador financeiro de destaque no balanço de 2016 é o rácio de solvabilidade, que, segundo anunciou a administração, ascendeu “confortavelmente” aos 20,93%, traduzindo “estabilidade financeira, menor vulnerabilidade”, além de cumprir acima da média com o exigido pelo regulador, o mínino de 10%.
Já o produto bancário - receitas com origens nos juros, comissões de serviços bancários e os resultados das demais operações - situou-se nos 21.462 milhões de kwanzas, cerca de 70% acima das margens conseguidas em igual periódo anteior.
O mais importante dos indicadores, o activo, chegou aos 140.687 milhões de kwanzas, um salto de 8%, quando comparado aos rácios de 2015, calculados em 130.770 milhões.
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