Depois dos Jogos, crise mais destapada
CRISE. Enquanto os senadores brasileiros discutem o futuro de Dilma Rousseff, o país continua mergulhado numa das maiores crises de sempre. Nem os Jogos Olímpicos disfarçaram os problemas económicos e sociais. Em apenas seis meses, o Brasil perdeu mais de 620 mil postos de trabalho. A Aministia Internacional denuncia graves violações dos direitos humanos.
O Brasil perdeu 623.520 postos de trabalho de Janeiro a Julho deste ano, o pior resultado entre contratações e demissões para este período desde o início da série histórica, em 2002, segundo dados oficiais divulgados a semana passada.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mostra que, em Julho, o saldo entre contratações e demissões foi de “94.724 postos de trabalho, o equivalente ao declínio de 0,24%” em relação a Junho”, lê-se numa nota do Ministério do Trabalho, que compara também com o número de vagas de emprego perdidas em Julho do ano passado (157.905).
Enquanto a agricultura e a administração pública foram sectores com resultados positivos na criação de emprego, as áreas de serviços, construção civil, comércio e indústria de transformação tiveram mais perdas do que ganhos na criação de postos de trabalho formais.
O Brasil enfrenta uma longa recessão e um aumento de desemprego, que atinge actualmente 11,6 milhões de pessoas. Nem o entusiasmo dos Jogos Olímpicos, que terminaram a 21 de Agosto, animaram a situação do país.
A Amnistia Internacional (AI) denunciou que, durante a competição, as autoridades policiais mataram, pelo menos, oito pessoas no Rio de Janeiro e reprimiram, com violência, protestos pacíficos. “O Brasil perdeu a medalha mais importante em jogo durante o Rio2016: a chance de se tornar um campeão em direitos humanos”, afirmou Atila Roque, director executivo da AI no Brasil.
Para o mesmo responsável, as autoridades brasileiras desperdiçaram uma “oportunidade de ouro” para cumprir as promessas que fizeram e defende que a “única maneira de desfazer alguns dos muitos erros que ocorreram durante os Jogos é garantir que todos os assassinatos e outras violações dos direitos humanos por parte da polícia sejam efetivamente investigados e que os responsáveis sejam levados à justiça”, considerou.
Além dos oito assassinatos - um número que pode subir por ainda não terem sido confirmadas mortes em duas favelas -, houve relatos de outras violações de direitos humanos, como “invasões de domicílio, ameaças directas e agressões físicas e verbais por parte da polícia”, lê-se no comunicado daquela organização de defesa dos direitos humanos.
A organização recordou ainda que o número de homicídios provocados pelas forças de segurança na região aumentou nos últimos meses, de 35 em Abril para 49 em Junho.
De acordo com a mesma ONG, “manifestantes foram duramente reprimidos pela polícia, dentro e fora das arenas desportivas”.
Manifestações pacíficas foram recebidas com violência policial, incluindo com o uso de armas, como gás lacrimogéneo, e houve pessoas detidas e retiradas das arenas desportivas por vestirem roupas ou segurarem faixas com mensagens políticas, lembrou a organização, falando em “violação do direito à liberdade de expressão”.
Na alta roda da política, Dilma Rousseff começou a enfrentar o julgamento, pelo Senado, que vai decidir se a destituição é definitiva ou se a antiga presidente volta ao cargo até 2018. Para ganhar a batalha, Dilma Rousseff precisa do voto de 28 deputados dos 81 que compõem o Senado.
O primeiro dia ficou marcado por um aceso debate e troca de acusações entre senadores anti e pró-Dilma. “Drogado, corrupto, esclavagista, mentiroso, ladrão” foram alguns dos ‘mimos’ trocados pelos senadores que obrigaram a uma interrupção de trabalhos.
Se Dilna Rousseff perder a batalha no Senado, o Brasil mantém na presidência Michel Temer, interinamente, até 2018, data marcada para novas eleições.
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