Economia brasileira deve recuar 6,5% em 2020
A economia brasileira deve contrair 6,4% neste ano como resultado das medidas de distanciamento social adoptadas para retardar o avanço da pandemia do novo coronavírus, anunciou hoje o Banco Central do Brasil.
A previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da América do Sul sofrerá a sua maior contração este ano em várias décadas foi divulgada no Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central brasileiro.
Segundo o relatório, a nova previsão para a inflação no Brasil é de 2,4%, bem abaixo da meta de 4% estabelecida para 2020.
A projecção do PIB divulgada hoje pelo governo brasileiro está muito próxima das previsões dos economistas de mercado, que esperam uma retração de 6,5% em 2020, porém, é mais optimista do que projecções de importantes organizações multilaterais.
O Banco Mundial calculou que o PIB brasileiro diminuirá 8% e o Fundo Monetário Internacional (FMI) 9% neste ano.
"A alteração da projecção está essencialmente associada ao avanço e à duração da pandemia da covid-19 em território nacional, com a consequente adoção, a partir da segunda quinzena de Março, de medidas de isolamento social no país", justificou o Banco Central brasileiro no relatório.
O órgão também admitiu que inicialmente não previa que a crise na área da saúde causada pela pandemia do novo coronavírus duraria tanto tempo.
Apesar de grande parte dos governos regionais e municipais já terem começado a relaxar as medidas de isolamento social adoptadas em Junho, o Banco Central brasileiro considera que a contração económica no segundo trimestre será maior que a registrada no primeiro e, provavelmente, a maior queda da economia já registrada desde 1996.
A autoridade monetária do Brasil também prevê uma "contração expressiva no consumo das famílias, apesar da magnitude das medidas governamentais de transferência de renda".
O Banco Central brasileiro calculou que o consumo das famílias, principal motor da economia deste país de 210 milhões de habitantes, deve recuar 7,4% neste ano como resultado do aumento do desemprego e da redução da renda dos trabalhadores.
A pandemia, pelo mesmo motivo, interromperá a recuperação gradual que a economia brasileira vinha registando após a recessão histórica que sofreu nos anos de 2015 e 2016, quando o PIB do país recuou cerca de sete pontos percentuais.
Em 2017 a economia cresceu 1,3%, em 2018 1,3%, em 2019 1,1% e para este ano a previsão inicial era de que o crescimento chegasse a 2,5%.
O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infectados e de mortos (mais de 1,1 milhões de casos e 53.830 óbitos), depois dos Estados Unidos.
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