EFCU nunca apresentou resultados positivos
A Empresa Fabril de Calçados e Uniformes (EFCU) registou, nos últimos três anos, prejuízos acumulados na ordem dos 4.960 milhões de kwanzas.
Criada por Decreto Presidencial n.º 148/17, pela “necessidade de se reduzir os custos de importação de uniformes e calçados militares”, com um aporte financeiro de mais de 11 milhões de dólares, a empresa reportou resultados negativos de mais de 1,1 mil milhões de kwanzas em 2017 e 1,18 em 2018, ano em que a direção declarou insolvência e os rácios demostravam já a sua incapacidade de honrar com os compromissos.
Nos anos seguintes, conforme os relatórios e contas tornados públicos, os prejuízos avolumaram-se, somando-se em 1,55 e 1,70 mil milhões de kwanzas em 2019 e 2020, respectivamente.
O relatório, que não foi auditado por entidade independente, refere que, até 31 de Dezembro de 2020, a empresa tinha disponíveis 801,9 milhões de kwanzas. Os custos com o pessoal (1500 trabalhadores) fixaram-se nos 1,063 mil milhões de kwanzas, sendo suportados pela Casa de Segurança do Presidente da República, apesar de a empresar estar dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
A EFCU, tutelada pelo ministério da Defesa Nacional, reporta ainda que herdou todo património da Fábrica de Botas e Uniformes, anteriormente tutelada pela Casa de Segurança do Presidente da República.
Simportex recebe avultadas somas do Estado
A Simportex, por seu lado, outra empresa do sector da defesa e segurança, tutelada pela mesma entidade, teve resultados positivos na ordem dos 2,047 mil milhões de kwanzas. Mas há dois anos que o auditor apresenta reservas, já que a Simportex recebe avultados valores da tutela sem que para isso exista um contrato.
No relatório de 2020, diz o auditor, encontra-se registado, na rubrica de 'outros valores a pagar', o montante superior a 31 mil milhões de kwanzas, correspondente ao valor adiantado pela tutela para a execução financeira de contratos de fornecimento de equipamentos, bens e serviços pertencentes ao Ministério da Defesa.
No mesmo documento, encontram-se registados, na rubrica de 'diferimento de proveitos', mais de 4 mil milhões de kwanzas referentes a proveitos realizados no exercício de 2018 que ainda não se encontram reconhecidos na demonstração de resultados de 2020. O relatório acrescenta que, pelo facto de não existirem informações concretas acerca das razões deste não reconhecimento por parte da área comercial da empresa, não é possível ao auditor concluir "acerca da razoabilidade deste registo, nem da necessidade de se serem reconhecidos na demonstração de resultados do exercício findo em 31 de Dezembro de 2020". O auditor termina, declarando que as demonstrações financeiras, relativas ao exercício terminado de 31 de Dezembro de 2019, incluem reservas.
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