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Elevados custos e pandemia ‘travam’ realização de festas de fim de ano

22 Dec. 2021 (In) Formalizando

EVENTOS. Depois de 2020, desta vez, realização de festas de passagem de ano volta a ficar comprometida, devido aos custos e à pandemia. Organizadores de eventos ponderam realizar apenas jantares, mas há quem admita a hipótese, caso haja procura.

Elevados custos e pandemia ‘travam’ realização de festas de fim de ano

Grande parte dos organizadores de eventos e gestores ligados à restauração não pretende avançar com a realização de festas de final de ano, face ao que consideram “elevados” custos de produção.

Cálculos de vários operadores indicam que, para festas de nível médio, os custos não ficam abaixo dos 10 milhões de kwanzas, valores “significativamente altos”, o que leva a receios de “avultadas” perdas financeiras. 

Em declarações ao Valor Económico, Pai Diesel, responsável da produtora de eventos ‘Caso Micha’, lembra que, em 2019, ano em que realizou o último evento de final de ano, gastou cerca de 8,5 milhões de kwanzas, entre outras despesas, para colocar à disposição dos presentes cerca de 500 grades de bebidas diversas. O orçamento, segundo o responsável da considerada maior organização de eventos do município de Viana, incluía despesas com o fogo de artifício e DJ (600 mil kwanzas), com o salão (de 1 a 2 milhões de kwanzas) e publicidade (de 0,5 a 1 milhão), além de pagamentos a artistas e alimentação. “Actualmente, este valor acaba por ser insignificante, face aos altos custos de produção provocados pela alteração dos preços dos produtos”, precisa.

Por sua vez, o organizador de eventos Link Duílio conta que, no ano em que realizou o último evento, investiu 6 milhões de kwanzas. Actualmente, com este valor, como calcula, serve apenas para a contratação dos cantores. “Actualmente, para contratar um artista, o valor está em torno de entre 500 mil e 1,5 milhão de kwanzas. Os mais renomados chegam a custar 5 a 7 milhões de kwanzas”, assegura.

Apesar de já ter conseguido atingir 400 pessoas durante um reveillon e de ter à sua disposição fornecedores de bebidas, a Chicubilson Produções entende que o momento não é adequado para se avançar com a realização de uma actividade do género. Para além dos custos de produção duplicarem, a população não poderá aderir em massa devido à perda do poder de compra. “Este ano não vou realizar festas de fim de ano porque não teremos os retornos desejados. A população não tem dinheiro, a produção está muito cara e os artistas, por terem menos actividades no mercado, tornaram-se mais caros. Passam a cobrar preços exorbitantes”, garante.

Reconhecendo o momento vivido pelos organizadores de eventos e quase sem retorno dos sucessivos investimentos para aguentar a fase conturbada, Rui Silva, responsável da RP Eventos, entende não haver motivos para este ano não realizar o evento, por já se ter comprometido com o público. O produtor de eventos assegura que, para fazer face à actual situação económica, os preços dos bilhetes poderão manter-se inalteráveis. Ou seja, entre os 35 e os 80 mil kwanzas.

RESTAURANTES CHUMBAM HIPÓTESE

Apesar de registar um “bom número” de clientes nos últimos tempos, os restaurantes Café Delmar e Miami Beach, ambos na Ilha de Luanda, descartam qualquer possibilidade de realização da festa do fim de ano, devido às restrições impostas pela pandemia. Os espaços partilham da ideia de que, com a realização, as perdas serão maiores que os ganhos.

Para a Esplanada Grill, também na Ilha, o número de clientes será um impedimento para a realização de eventos. “Um jantar espécie de show será realizado. Para além disso, nada será feito”, assegura uma fonte do restaurante.

Com apenas quatro meses, depois de estar quase dois anos encerrado, o restaurante Tamariz também não prevê organizar uma festa, já que, além da situação económica não ser apropriada, a reestruturação do espaço será um dos impedimentos.

No restaurante Malibu Beach, o técnico administrativo João Gonçalves acredita que o número de clientes que acorre todos os dias ao espaço dá garantias para a realização de um evento exitoso, mas antecipa que tudo dependerá dos pedidos dos clientes. “Tudo vai depender daquilo que é a nossa carta (pedidos). Se houver um bom número, haverá sim possibilidades para a sua realização”, assegurou.