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CONFLITO NO BENGO COM A DISTRIBUIDORA

Empresário nega-se a pagar “facturas aleatórias”à ENDE

24 Feb. 2021 (In) Formalizando
Empresário  nega-se a pagar “facturas aleatórias”à ENDE
D.R

José Monteiro, empresário que opera em vários sectores no Bengo, incluindo na panificação, e restauração, nega-se a pagar facturas à Ende, elaboradas com base em cálculos estimados, acusando a distribuidora de “arbitrariedades”, ao mesmo tempo em que a empresa estatal ameaça com interrupção no fornecimento de energia, caso os pagamentos não sejam efectuados.

O conflito eclodiu depois de o empresário ter recebido uma factura de cerca de 689 mil kwanzas, valores justificados pela distribuidora com uma visita efectuada pela sua equipa técnica à mercearia de José Monteiro, na qual se constatou a impossibilidade de instalação do sistema pré-pago. A Ende prometeu, entretanto, na altura, instalar um contador convencional e emitir facturas com base num consumo estimado de 10 mil kwanzas por mês, o que não ocorreu. Segundo o empresário, não só o contador não foi montado como foram emitidas várias facturas de consumo em atraso que totalizam cerca de dois milhões de kwanzas, apesar de a mercearia estar paralisada há muito tempo.

José Monteiro acusa, por isso, a Ende de fazer “contas aleatórias” e sugere mesmo à empresa a fazer leituras do consumo a partir dos contadores nos postos de transformação. “Com este sistema de pagamentos por cálculo estimado, os empresários da província acabam por ser sustentáculos da Ende, porque a facturação doméstica não representa grande coisa”, observa o empresário, propondo, ao mesmo tempo, a passagem dos postos de transformação privados para a Pordel. “O ministro da Energia e Águas sabia que a Edel não dava lucro. É por isso que acabaram com ela para, em seu lugar, criar a Ende que facilita esquemas financeiros que todos devíamos desmascarar”, acusa Monteiro que, além da marcenaria, panificação e restauração, actua também na fruticultura, contando com mais de quatro mil fruteiras na Fazenda Alice, no Panguila.

Monteiro defende uma reflexão sobre as razões da “destruição” do sistema operacional da ENE, empresa que regularmente ia às empresas verificar os contadores e deixava o comprovativo para, de seguida, emitir a factura que tinha de ser paga nos prazos previstos. “No fundo, a ENE servia melhor o cliente ao contrário da Ende, que só nos trouxe arbitrariedades”, compara.

 

Júlio Gomes