Empresas querem travar ‘guerra’ comercial
TARIFAS. Tecnológicas e retalhistas escreveram ao Departamento de Estado para travar tarifas, com o argumento de que estão a ser prejudicadas. Casa Branca não responde. China ameaça com retaliações.
As empresas Cisco System e Hewlet-Packard Entreprise, entre outras do ramo tecnológico, e retalhistas enviaram, na quinta-feira, uma carta ao representante do Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, pedindo que a administração norte-americana não imponha mais tarifas à China.
As tecnológicas e retalhistas uniram-se numa última tentativa de convencer o presidente dos EUA de que não deve impor novas tarifas às importações chinesas. Em vez disso, defendem o regresso do presidente norte-americano, Donald Trump, à mesa de negociações com a China.
Os EUA impuseram novas tarifas sobre importações chinesas no valor de 200 mil milhões de dólares.
A entidade que representa os retalhistas também afirmou, numa outra carta enviada ao representante norte-americano, que as pequenas e médias empresas não vão conseguir ajustar-se rapidamente e que as tarifas impostas até agora “não levaram a quaisquer concessões significativas”. “O governo deve desistir de impor mais tarifas e tentar novamente negociar com a China”, defendem.
Contactado pela Bloomberg, o gabinete do representante do Comércio norte-americano não respondeu.
Na quinta-feira terminou o período de consulta pública sobre o plano de Donald Trump de impor novas tarifas, sendo que o líder da Casa Branca já tinha avisado que pretendia mesmo avançar com esta medida assim que o período de consulta encerrasse. Contudo, Trump não adiantou se o plano segue em frente ou não.
A China já alertou que será forçada a retaliar se os EUA ignorarem a resistência na consulta pública e impuserem mais tarifas, afirmou Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio chinês, numa conferência de imprensa, também na quinta-feira.
Queda de Wall Street
Espera-se que Donald Trump anuncie em breve novas taxas aduaneiras sobre importações da China, dando mais um passo na ‘guerra’ comercial com Pequim. Mas falta saber qual será a taxa a aplicar e como vão os mercados accionistas reagir. A expectativa sobre a decisão já tem gerado desvalorizações nos mercados accionistas globais, sendo que o UBS estimou uma queda de 5% no S&P500 caso os EUA optem pela taxa máxima de 25%.
O estratega do banco suíço, Keith Parker, considera que, no mercado, ainda não está descontado o cenário de tarifas máximas, daí estimar uma desvalorização de 5% no índice que reúne as 500 maiores cotadas norte-americanas.
Economistas do UBS esperam que Trump opte, para já, pelo ponto mais baixo do intervalo pré-definido, implementando uma tarifa de 10% sobre cerca de nove mil produtos chineses. Keith Parker adverte que, no pior cenário, de tarifas de 25%, pode ocorrer um ‘sell off’ nos mercados, até porque acontecerá num período em que as cotadas não podem recomprar acções, o que constitui a perda de um importante suporte em fases negativas nas acções.
“Uma tarifa de 25% pode ser entendida como uma escalada na guerra comercial e terá um forte impacto nos resultados”, referiu o responsável do UBS numa nota a clientes, citada pela Bloomberg.
Apesar de a escalada da guerra comercial ser um cenário em perspectiva nos mercados, as bolsas norte-americanas apresentam retornos elevados em 2018 e atingiram máximos históricos. O Nasdaq é o índice ‘estrela’ de Wall Street, com uma valorização de 15% este ano. O Dow Jones ganha mais de 5% e o S&P avança perto de 8%, pelo que mesmo sofrendo a correcção estimada pelo UBS continuará em terreno positivo no ano.
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