ANGOLA GROWING
NOVO CONSÓRCIO DE GÁS

ENI e BP juntam-se para destronar Total Energy

16 Mar. 2022 Mercado & Finanças

Petróleo. Objectivo da nova entidade criada por britânicos e italianos não será tarefa fácil. Cada petrolífera produz cerca de 100 mil barris/dia, enquanto a Total Energy, em 2021, só no Bloco 17, produziu mais de 300 mil barris/dia.

 

ENI e BP juntam-se para destronar Total Energy

A italiana Eni e a britânica BP fundiram os seus activos para criar uma joint venture angolana, que ambiciona tornar-se no maior produtor de petróleo no país, destronando a francesa Total Energy.

“Espera-se que a Azule Energy seja o maior produtor em Angola, com participações em 16 concessões, assim como participações no Angola LNG. A Azule Energy está igualmente empenhada em adicionar à sua carteira de negócios os interesses da Eni na Solenova, uma empresa de energia solar detida em conjunto com a Sonangol”, lê-se no comunicado sobre a parceria.

No entanto, com base aos números actuais, a nova empresa precisará de vários anos para superar a Total Energy que, actualmente, produz mais de 500 mil barris/dia. De acordo com dados de 2021, a Total produziu 375 mil barris no Bloco 17 e 170 mil barris/dia no Bloco 32, que são os seus dois maiores activos no país. Para os próximos anos, a francesa deve começar a operar os Blocos 20 e 21 que pertenciam à Cobalt.

Por sua vez, como resultado da parceria entre italianos e britânicos, a nova entidade passa a ter uma produção de cerca de 200 mil barris/dia, visto que cada uma das partes produz cerca de 100 mil barris/dia de petróleo.

“Após a conclusão desta transacção, espera-se que a quota-parte da Eni na produção da Azule Energy seja de aproximadamente100.000 barris/dia. Espera-se que a produção total da Azule Energy cresça para além dos 250.000 barris/dia até 2025, com base nas actividades de desenvolvimento e pesquisa em carteira”, escrevem as empresas no comunicado.

Sobre as ambições da Azule Energy de chegar a número um da produção em Angola, o especialista em petróleo José Oliveira antecipa que a nova entidade tem um longo caminho pela frente. “A Eni é operadora em muitos blocos, mas, em termos de volume, não será tão cedo que conseguem ultrapassar a Total”, argumenta. 

NO CONSÓRCIO

Constituída por 50% de cada uma das companhias, a nova entidade teve um investimento global acima dos 10 mil milhões de dólares e combinará todos os negócios da BP e da Eni em Angola. O memorando de entendimento para a junção das empresas foi assinado pelas duas companhias em Maio de 2021.

A Azule Energy poderá operar nos blocos 18, Cabinda Norte, Cabinda Centro, 1/14, além dos blocos 0 (Cabinda), 3/05, 3/05A, 14 e no 14 K /A-IMI.

Guido Brusco, director da Eni, explica que a empresa deverá explorar também os novos projectos de produção de petróleo Agogo e PAJ nos blocos 15/06 e 31, respectivamente. Prevista para começar a operar nos próximos meses, após todas as aprovações por parte do Governo, a Azule Energy será contabilizada nos balanços da BP, em Londres, e da Eni, em Roma. A produção de hidrocarbonetos e emissão de GHG continuarão a ser reportadas equitativamente.

O surgimento da nova empresa permitirá também a criação de um novo consórcio de gás (NGC), o primeiro projecto de gás não-associado no país, que ‘‘contribuirá para a satisfação das necessidades económicas de Angola, para o seu percurso de descarbonização e fortalecerá a sua posição como um interveniente global na área de LNG’’, segundo o director da Eni, Guido Brusco.