ENSA com 300 casos de sinistro ‘entalados’ a três meses do fim do ano
SEGUROS. Director do departamento de sinistro do maior ‘player’ do sector segurador nacional admite haver 300 casos de acidentes automóveis “pendentes”. Seguradora queixa-se de perdas no balanço com a resolução de sinistros e já fala na “profissionalização” de técnicos para poupar custos.
A Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA) recebeu, de Janeiro a 31 de Agosto, cerca de quatro mil casos de sinistros, 300 dos quais aguardam por resolução, revelou ao VALOR o seu director para a área de sinistros, Francisco Santos.
De acordo com os números da ENSA, até ao final do ano, a entidade seguradora prevê receber até sete mil casos de acidentes, no segmento ‘seguro de responsabilidade civil automóvel’.
“Temos uma média de 200 a 300 processos [de sinistros] pendentes. Ou seja, em regularização. Significa que, dos três ou quatro mil casos abertos, estão fechados cerca de três mil e tal, ou a sua maioria”, contabiliza o gestor.
Questionado sobre o quanto custa, para ENSA, resolver os sinistros reportados, o responsável não precisou números, sublinhando apenas que os “custos variam” em função da natureza dos produtos. Isso varia. “Cada sinistro tem o seu valor. Considerarmos aquilo que arrecadámos e o que realmente indemnizamos, estamos com um índice de sinistralidade à volta dos 26% a 30%”, argumentou Francisco Santos, para quem é necessária a profissionalização dos técnicos da área dos sinistros.
Francisco Santos assegurou também que, apesar do actual contexto económico, a operação se mantém, sem impacto da crise económica e financeira, já que, no mundo dos seguros, a ‘variável’ de trabalho se cinge à ideia de que “o cliente paga primeiro, só depois é assistido”.
“O ciclo económico dos seguros assenta no facto de que o segurado paga primeiro e depois é assistido. De modo que, aquilo que já está pago, está garantido. O segurado tem conforto, não contrabalanceia em nada”, defendeu o quadro sénior da equipa liderada por Manuel Gonçalves.
Impacto nos lucros
Se os contratos de seguros são os que mais contribuem para a facturação e para os lucros das operadoras do sector, o mesmo não sucede na hora da regularização de um sinistro. De acordo com Francisco Santos, o sinistro é dos segmentos que contribui para as “perdas” da instituição, no balanço da entidade. “É necessário que, cada vez mais, profissionalizemos melhor os técnicos no sentido de poder cuidar melhor os processos e reduzir os custos da empresa. Quanto mais capacitação tivermos, quanto mais tecnicamente a gente for capaz de interpretar e de ver as causas que deram origem ao sinistro e aquelas que podem concorrer para uma fraude e a pudermos evitar, reduzimos os custos para a empresa e assim a empresa tem outra solvência”, explicou o responsável, apontando para a fraude nos seguros e na capacitação dos técnicos.
Reparação em 20 dias
Ao avaliar o tempo de respostas dos sinistros reportados à ENSA, Francisco Santos diz que “já não tem havido muitas queixas, quanto à resolução dos casos, sublinhando que a empresa leva apenas 20 dias para resolver os casos reportados, menos 10 que o tempo normal previsto por lei”.
O responsável justificou o atraso na solução dos acidentes com as várias etapas por que passam os sinistros. “As apólices dizem que o segurado ou reclamante tem até oito dias para participar o sinistro. Há vezes em que não participa em oito dias. Felizmente, nos últimos tempos, já não tem havido muitas queixas”, conta.
Contas não disponíveis
No site da entidade, não estão disponíveis quanto de lucro ou prejuízo a ENSA inscreveu no balanço dos últimos dois anos, precisamente em 2015 e 2016, nem mesmo a participação dos sinistros. Os últimos dados disponíveis no site são do exercício de 2014, que reportam um lucro de 1,4 mil milhões de kwanzas.
Uma nota da entidade que resume o balanço de 2016 distribuída à imprensa revela que, até 31 de Dezembro, a contabilidade da maior seguradora registou um crescimento de 44% para 1.013 milhões de kwanzas, face às margens do período anterior, calculadas em 705 milhões.
No relatório, não vem expressa a contribuição com os sinistros, mas destaca-se a evolução do aumento de 11% no valor de prémios emitidos em 2016, atingido um valor total de 47,6 mil milhões de kwanzas, justificado pela entidade com os produtos de Saúde, Acidentes de Trabalho, Petroquímica e Responsabilidade Civil.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...