Espaço, a próxima fronteira do investimento
FUTURO. O investimento espacial, quer em satélites quer na exploração, atingiu um pico no ano passado graças principalmente às startups privadas como a Space X e a Blue Origin. O investimento público continua a ser dominado pelos EUA, mas a corrida ao espaço está cada vez mais renhida com a China e a Rússia por perto.
No ano passado 18 países gastaram pelo menos 200 mil milhões de USD em actividades espaciais, algumas bem-sucedidas, outras como o satélite nacional que desapareceu em órbita, nem por isso. Os EUA reinam com um investimento superior a 40 mil milhões de USD, mas a China aumentou o gasto público no seu programa espacial, nos últimos 15 anos, em 349%, para perto de seis mil milhões de USD. Em terceiro lugar dos países investidores em programas espaciais vem a Rússia com 4,2 mil milhões de dólares, bem abaixo do pico de 2013 de perto de 10 mil milhões de USD, que visavam o aumento da capacidade de telecomunicações e sistemas de observação planetários.
O Espaço é hoje o que África, Índia e as Américas foram para os europeus antes dos descobrimentos: a próxima fronteira. E o investimento privado cada vez se torna mais relevante totalizando em 2019 mais de 22,3 mil milhões de dólares investidos em 476 empresas privadas focadas do desenvolvimento e exploração espacial desde 2009.
O homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, investiu 1,4 mil milhões de USD no braço espacial da sua companhia e Elon Musk chegou também aos mil milhões de USD de financiamento da sua Space X que valorizou para os 33 mil milhões de USD.
55% das empresas espaciais mais financiadas estão em solo americano, 24% em solo europeu, no entanto o interesse na partilha de satélites gerado pelo aumento da necessidade de telecomunicações de ponta, diversifica e aumenta as fontes de financiamento e suas origens. Três quartos do investimento espacial é direcionado ao sector de lançamento, gestão e manutenção de satélites.
A NASA, 50 anos depois de proporcionar os primeiros passos na superfície da Lua com a missão Apollo 11, está agora pressionada pelo presidente Trump a levar humanos a Marte e a voltar a ser a marca de domínio espacial dos EUA. Mais de metade dos cerca de 20 mil milhões de USD que perfazem o orçamento anual da NASA foram direccionados em 2019 para o regresso à Lua, e a um programa espacial que pretende tornar o satélite da Terra numa paragem do bilhete que levará humanos a Marte.
Guia do investimento espacial privado
A indústria espacial, que movimenta cerca de 400 mil milhões de USD, continua a ser dominada por empresas que representam interesses soberanos. Mas o ecossistema empresarial está a mudar com entrada de investimento privado.
Segundo instituições que preparam portfólios de investimento para clientes privados, como a Goldman Sachs, a indústria espacial vai crescer múltiplos biliões de USD na próxima década com o turismo e expansão espaciais. A Virgin Galactic do multimilionário Richard Branson listou-se em Wall Street e inaugurou a possibilidade de investimento privado bolsista no Espaço. O investimento é de médio-longo prazo, mas considerado seguro. Sendo que empresas fornecedoras, como a Boeing, que assegurou no ano passado um contrato com a NASA de 4,2 mil milhões para construção de um foguetão, ou a Aerojet que valorizou em 2018 25% na divisão espacial, constituem possíveis janelas de investimento. Os principais investimentos aconselhados pelos gestores de portfólios focam-se no entanto, na gestão de satélites, a maior fatia do investimento espacial actual, e cujo interesse tende a aumentar por ser este um componente central das infraestruturas de telecomunicações. O projecto Kuiper da Amazon prevê o lançamento e gestão de 3236 satélites em órbita e os planos da Space X de 30 mil satélites. A OneWEB que se propõe ao lançamento de 650 satélites nos próximos dois anos foi valorizada em bolsa para 14 mil milhões de USD e conta investidores japoneses, indianos, ruandeses de empresas como a Airbus e a Coca-Cola. O Espaço é o limite.
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