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BANCO IMPÔS LIMITES DESDE MAIO

Excessos nos levantamentos ‘secam’ cofres do BPC

BANCA. BPC justifica situação de baixa liquidez, nas últimas quatro semanas, com pedidos de levantamentos de somas avultadas por clientes que “deixam a instituição sem valores”. Baixa cultura financeira e atrasos pontuais na reposição de depósitos pelo BNA também entre as causas.

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) justificou a escassez de liquidez que várias agências enfrentaram, nas últimas quatro semanas, com a solicitação de somas avultadas pelos clientes e com os “problemas pontuais” no abastecimento da tesouraria de alguns balcões em Luanda.

De acordo com as direcções de Tesouraria e Mercado e Comunicação e Marketing do banco, em reacção a uma matéria da edição passada do VALOR, a redução do fluxo monetário deveu-se, por um lado, aos levantamentos de depósitos de forma simultânea e em valores exorbitantes, deixando vários balcões sem capacidade para responder a mais pedidos no mesmo dia.

“Se a disponibilidade diária de uma agência for 100 milhões de kwanzas e, no mesmo dia, vão ao balcão acima de 10 clientes com pedidos de 10 milhões de kwanzas cada, o banco fica sem capacidade de resposta”, exemplificou o responsável da tesouraria do banco estatal, Arley das Neves Felizardo, apontando ainda “a baixa cultura financeira das famílias” e o “desconhecimento” dos serviços alternativos disponíveis para movimentação de somas elevadas.

Até à semana passada, persistiam os problemas de tesouraria em vários balcões do BPC. Os casos mais frequentes foram constatados nos balcões de Cacuaco, São Paulo, Combatentes, Ndunduma, Sagrada Família, agência Lara, na ex-avenida Brasil, e em alguns outros postos de atendimento, situação que forçou o banco a limitar levantamentos, para valores entre 25 mil e 100 mil kwanzas, por cliente, conforme noticiou o VALOR, na última edição. As medidas foram confirmadas pela tesouraria do banco que as considerou “normais” em situações semelhantes.

“É normal que, na falta de dinheiro, os bancos adoptem medidas que salvaguardem o interesse dos clientes e da instituição. O objectivo é satisfazer o maior número de clientes mesmo com o pouco. Até o Kero, nesta época de crise, não permite que um cliente leve quantidades elevadas de produtos. Definiu medidas de racionamento”, comparou o responsável da tesouraria.

Por outro lado, o banco esclarece que o BPC não é a única entidade que ‘padece’ da baixa liquidez e que tal se deve, como explica outro técnico, a vários factores, nomeadamente por atrasos do Banco Nacional de Angola (BNA), na validação de processos de reposição de depósitos e dos bancos comerciais na emissão dos pedidos.

“A redução de cédulas (dinheiro físico) nas agências depende de muitos factores técnicos. Um dos atrasos pode ser, por exemplo, por erro do banco na emissão do pedido de liquidez ao BNA, atrasos por recontagens dos valores que saem do banco central, ou por ‘afunilamento’ de solicitações que o banco central recebe de outros bancos”, enumerou Alberto de Jesus, responsável do gabinete de comunicação do banco.

O banco apela, entretanto, à maior divulgação da educação financeira a famílias e gestores. “Há pessoas que, quando vão ao banco, querem levantar todo o depósito. As famílias precisam saber que parte do dinheiro que não vai usar deve estar no banco, para que outos também tenham acesso a cédulas”, insiste Arley Felizardo.

O banco explica que estão disponíveis, no portefólio da instituição, vários serviços que “podem facilitar a vida dos clientes”, entre os quais os cartões multicaixa que permitem, entre outros, efectuar levantamentos, transferências e pagamentos, além do BPC NET, através do qual se pode aceder à conta, via intenet, com a possibilidade se realizar também várias operações financeiras.