“Existem muitas barreiras contra muitos artistas”
MÚSICA. Autor de sucessos como ‘Maria do Castelo’, ‘Mamã me acode’ e ‘Cola Semba’, Livongh deve apresentar, em breve, a sua nova obra a solo. Apesar de se sentir reconhecido, lamenta a existência de barreiras contra muitos artistas e apela a uma maior intervenção do Ministério da Cultura.
Sente-se reconhecido?
Sinto-me reconhecido, embora ainda falte mais trabalho de divulgação e apoio. Mas já sinto um pequeno ‘feedback’. Acho que devia ser mais reconhecido por estar a fazer muito pela nossa música, mas ainda existem muitas barreiras contra muitos artistas.
Que tipo de barreiras?
Ainda há muita dificuldade. Não há apoios, não há divisas, não há direitos autorais, não há respeito como devia ser. É uma aventura!
O que pode ser feito?
Valorizar o músico e a sua obra. Os direitos autorais cá, em Angola, repito, ainda não funcionam. É lamentável.
E como avalia o actual estado da música nacional?
A música nacional está a dar pequenos passos e já há uma grande diferença entre o passado e o presente. Infelizmente, os estilos ‘mais nossos’ não são valorizados como deviam. Os nossos filhos não ouvem nem vêem a nossa cultura. Os grandes ‘shows’ esquecem-se disso. Ainda não se fez quase nada, mas pode fazer-se muito mais.
Como está a sua agenda internacional?
Está cada vez melhor. Já fiz várias actividades em Portugal, Moçambique, África do Sul, Macau, Houston, Namíbia e agora estou a negociar o próximo verão para a Europa.
Quais são os seus maiores sucessos?
Já produzi vários, como ‘Cola Semba’ e ‘Maria do Castelo’. E para outros artistas como Eddy Tussa, Yola Semedo, Cilana, Roxane, Robertinho, Proletário, entre outros. De um modo geral, sinto muito prazer em gravar com eles, porque todos são bons vocalistas e grandes profissionais.
Está a desenvolver algum trabalho no momento?
Nesse momento, estou a finalizar o meu álbum e os participantes internacionais serão dois, mas só os vou divulgar no fim do trabalho.
Sente-se mais confortável a cantar ou a produzir?
Sinto-me mais confortável a cantar. Produzir é difícil. Exige tempo e paciência, coisa que os clientes nunca têm. Querem tudo rápido.
O que gostaria que o Ministério da Cultura fizesse pelos artistas?
Gostaria que empregasse músicos para trabalharem como deve ser.
Como assim?
No meu caso, gostaria de ter mais trabalho musical e sempre mais respeito. Os artistas só precisam de espaço e oportunidades para fazerem o seu trabalho, e não de serem barrados sempre, sempre e sempre. Vejo muitos colegas talentosos, mas sem hipóteses.
Como vê os concursos de música nacional?
Sobre concursos, não tenho muito a dizer. Não gosto de competir.
Como recorda o aplauso à sua produção no Festival da LAC, em 2016?
Quanto ao festival da LAC, tem sido uma honra fazer parte. Já é a terceira vez que me é confiada a produção dessas rapsódias e, graças a Deus, tem-me dado muita felicidade. Já me sinto filho da LAC. É uma experiência emocionante do princípio ao fim.
Como se descreve como artista?
Descrevo o Livongh como um artista completo, talvez humilde, sério no trabalho, pontual, simples, sensível e muito feliz.
PERFIL
Nome: Miguel Gervásio Livongue Nascimento: 29/10/1980
Naturalidade: Namibe
Referências musicais: Stivie Wonder, Kassav, Acapaná, O2, MJ
Artistas angolanos: Walter Ananaz, Edmasia, Robertinho, Don Kikas, Gabriel Tchiema
Estilo musical: Kilapanga Álbuns: ‘Meu mundo’ e um CD em grupo
Prato preferido: Bacalhau com natas, funje com peixe seco e verduras.
País dos sonhos: Rússia
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