Fábrica de lapidação pode encerrar
NEGÓCIOS. Ausência de uma indústria de jóias estável no país, queda da procura e baixo preço do quilate no mercado internacional obrigam angolanos a procurarem alternativas para aumentar receitas e rentabilizar a fábrica de lapidação de diamantes.
Angolan Polishing Diamond (APD), tutelada pela Sodiam do grupo Endiama, no segmento da lapidação, ponderá paralisar totalmente a sua actividade, como consequência do aumento dos custos operacionais, explicados pelos baixos níveis de produção impostos pela crise, apurou o VALOR de fonte próxima da gestão da companhia. A produção total da APD está fixada, nesta fase, em cerca de 20% do projectado para a segunda metade do ano, “uma situação que desvaloriza ainda mais a ‘pedra preciosa’ exportada por Angola” e que deixa a administração da ‘holding’ de ‘mãos atadas’. No início deste ano, a empresa fixou como meta para o segundo semestre, a lapidação de 20 mil quilates de diamantes por mês, evoluindo dos iniciais cinco mil quilates, objectivo que não se concretizou, tal como não ocorreu a abertura de uma loja, em Luanda, para a venda de jóias produzidas no país.
Em 2008, a unidade fabril paralisou, pela primeira vez, devido à crise dos preços dos diamantes no mercado internacional, tendo retomado as actividades este ano, depois de falhada a parceria com o investidor israelita e após a conclusão do processo de reestruturação da fábrica que incluiu a formação de quadros, num investimento global de sete milhões de dólares. “Estamos a trabalhar para encontrar uma parceria mais segura que nos garanta que os diamantes lapidados em Angola sejam negociados nos preços aceitáveis, o que contribuiria bastante para o aumento das receitas fiscais para os cofres do Estado”, indica a fonte, falando do Qatar, onde participou da Plenária do Processo Kimberly, na semana passada. “Entre os possíveis mercados a explorar, a realidade é conjuntural, porque a baixa procura pela pedra preciosa fez baixar também os preços e os países produtores são obrigados a reter as suas exportações”, analisa, indicando que o aumento da produção da ‘pedra preciosa’ na Rússia e no Botswana e a capacidade de lapidação dos Emirados Árabes Unidos afectaram a indústria diamantífera nacional, que se vê obrigada a aumentar os estoques dos diamantes em bruto “para não inundar o mercado internacional e manter os preços ligeiramente estáveis”.
Ao que o VALOR apurou, a Endiama continua a pagar trabalhadores que não estão a prestar serviço à APD, em função das actividades mínimas, facto que contribuiu para a subida dos custos operacionais da empresa. A
APD, que conta com 160 trabalhadores, 150 dos quais nacionais, investiu, numa primeira fase, 10 milhões de dólares e foi concebida como uma unidade fabril para ‘revolucionar’ a indústria diamantífera do país, aumentando as vendas da pedra preciosa.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...