FALSA AUSÊNCIA DE FOCO
Volta e meia, temos de lidar com isso. Um iluminado recém-servil do regime lembra-se de dizer na rádio que um dos grandes problemas de Angola é a falta de foco no debate. Sobretudo no debate concentrado nas questões económicas. E mais: vai ao ponto de fazer desta alegada ausência de foco no debate um dos entraves ao progresso económico. Que não sobrem, pois, dúvidas. Há mesmo disparates maiores que o tamanho do universo.

O argumento é simples. Ainda que o debate sobre as soluções para a economia não abundem nas eventuais proporções que se desejam, este está longe de ser um dos grandes problemas do país. Na verdade, o que se faz hoje em Angola, em termos de debate sobre a questão económica, se não é muito, é pelo menos suficiente para influenciar necessária e positivamente os decisores políticos. Nesse quesito, o quadro até só tem melhorado. Na primeira década deste século, o país contava apenas praticamente com as contribuições substantivas, regulares e sistematizadas do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola. Nos últimos anos mais instituições inseridas na sociedade, incluindo mais universidades, juntaram-se à produção de conteúdos que alimentam o debate sobre a economia. Na comunicação social, idem. A pauta económica com abordagens substantivas tem um espaço que nunca teve.
A outra explicação é mais estrutural. No conjunto dos entraves essenciais ao desenvolvimento económico, a alegada insuficiência de foco no debate não consta da lista. O problema essencial é político. Há trabalhos laureados com o Nobel de Economia que provaram com argumentos à prova de bala que os regimes autoritários que se fingem de democracia têm dificuldades existenciais que os impedem de promover o progresso. Porque tudo começa, percorre e termina na política. Tudo começa, percorre e termina nos interesses pessoais dos que detêm o poder. A coisa e a causa públicas são ostensivamente subjugadas.
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Haja paciência…