ANGOLA GROWING
TERESA DE ALMEIDA, JOGADORA DE ANDEBOL DA SELECÇÃO E DO PETRO ATLÉTICO DE LUANDA

“Faltou mais experiência e concentração”

18 Dec. 2017 Marcas & Estilos

DESPORTO. Nos últimos tempos, notabilizou-se na baliza do sete nacional pela segurança nos postes da equipa. Foi uma das atletas mais aplaudidas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Brasil em 2016. Teresa de Almeida, ou simplesmente ‘Bá’, viu-se ‘obrigada’ a ‘falhar’ ao Mundial de andebol na Alemanha, por conta de uma lesão no tornozelo direito. Em entrevista ao VE aguarda-redes entende que faltou “experiência” e “concentração” por parte das colegas para que a selecção angolana alcançasse melhores resultados.

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Como foi não participar do mundial de andebol?

Foi muito triste. Saí de Angola lesionada, ainda assim acreditava que conseguiria ajudar a nossa selecção. Fiz quase todo o estágio e, a dois dias para embarcar para França, recebi a notícia de que não podia fazer parte do grupo para o mundial. Foi triste. Apesar de ainda estar lesionada, estou a fazer fisioterapia, acredito que mais um mês estou recuperada. Enquanto isso, dou força às colegas, penso positivo e continuo a lutar para melhorar.

Teve de se contentar a assistir ao mundial pela televisão...

É sonho de todo o atleta jogar no mundial e, dessa vez, não consegui. Foi difícil e, ao mesmo tempo, uma boa experiência.

O que faltou para a selecção obter melhores resultados?

Faltou mais experiência e concentração. A nossa selecção é muito jovem e as outras tinham atletas mais experientes, o que não significa que nós não saibamos jogar. A nossa selecção era uma das mais jovens deste mundial.

A saída do treinador Filipe Cruz influenciou nos resultados?

Prefiro não falar sobre isso.

Houve cobiça para jogar no 1.º de Agosto?

Sim, algumas vezes. Quando o jogador está numa boa fase da carreira, acredito que os melhores clubes querem sempre ter estes jogadores.

E porque é que não aceitou a proposta?

Ainda não chegou o momento certo. Sinto-me bem no Petro Atlético de Luanda. É neste clube que comecei a jogar e ainda não senti nem vi nenhuma anomalia, por isso permaneço na equipa até agora.

O que acha de atletas formadas no Petro, mas depois vão para outros clubes?

Os jogadores seguem as melhores condições. Se calhar, as condições que lhes são oferecidas superam aquelas que o clube oferece. A vida desportiva é muito curta e existem oportunidades que devem ser ‘agarradas’. Há quem pense duas vezes e há quem pense no agora e muda de clube.

Por que motivo deixaria o Petro?

Se um dia deixar o Petro, vai ser por causa das condições. Não digo que o 1.º de Agosto não tenha feito uma proposta alta. Fez. Era uma proposta que nem me deixava dormir em condições. Era quatro vezes mais daquilo que ganho no Petro. No entanto, não podemos seguir só o dinheiro. Temos de estar onde nos sentimos bem e temos o apoio de todos.

Por quanto tempo mais deseja jogar?

Mais dois ou três anos.

O que pretende fazer quando deixar o andebol?

Pretendo ser treinadora de andebol e passar a minha experiência às jogadoras mais jovens.

Dá para viver do desporto?

Claro. O segredo está na gestão e na consciência. E, além disso, tenho alguns investimentos. Neste momento, estou a terminar uma hospedaria que pretendo inaugurar brevemente.

Como vê a juventude angolana?

A juventude está um pouco perdida. Muitos jovens estão mais preocupados com o supérfluo. Antigamente, era muito difícil ver adolescentes beberem e raparigas aos 14 anos concebidas. Hoje, parece que esta prática é normal.

Como se pode melhorar?

Os nossos pais deviam ser mais duros, exigentes e investirem mais nos filhos. Incentivá-los a praticar desporto porque ajuda muito a afastar-se da delinquência e de outros males que enfermam a nossa juventude.

Teve de se refugiar ao desporto para fugir de algum vício?

Não. Entrei no desporto porque era a única menina em casa e, todas as tardes, jogava futebol com os rapazes. Certo dia, apareceu um dos treinadores de guarda-redes seniores do Petro e pediu permissão à minha mãe para que fosse jogar andebol. Também aceitei o desafio e cá estou até hoje.

PERFIL

Nome: Teresa Patrícia Lopes Filipe de Almeida

Data de nascimento: 5 de Abril de1988

Estado Civil: Solteira

Naturalidade: Luanda

Um jogador: Geovani Massessengue (guarda-redes)

Calçado: 43