MAQUILHADORAS FORMAM-SE E INVESTEM EM PEQUENOS NEGÓCIOS

Fazer dinheiro com a beleza

ESTÉTICA. Maquilhadora pode arrecadar, por mês, cerca 200 mil kwanzas Formação para área ronda entre 50 e 90 mil kwanzas, durante 3 a 5 dias. Muitos jovens optam pela informalidade para aumentar renda, ou melhorar nível de vida. Empréstimos são mais solicitados a familiares do que a bancos, para evitar juros.

O uso da maquilhagem pode tornar-se indispensável a qualquer momento ou circunstância. É a pensar nisso que surgem, cada vez mais, maquilhadoras. Contratar um profissional nesta área pode ficar entre cinco mil e 25 mil kwanzas por pessoa, dependendo da maquilhadora. As maiores requisições são para as noites, por ser o período com maior número de eventos.

As formações em Angola custam entre de 50 mil, para auto-maquilhagem, a 90 mil, para profissional. Há ainda quem opte por formar-se no exterior, preferencialmente no Brasil, Portugal, África do Sul, Inglaterra, EUA e França e é de lá onde se importa quase todo o material.

Apesar de algumas ofertas disponíveis em microcrédito, muitos optam pelo apoio familiar para erguer o negócio, evitando o reembolso com juros. É o caso de Janeth Domingos Cristóvão, de 28 anos, que começou a trabalhar com a ajuda da irmã. Inicialmente, teve de investir perto de 500 mil kwanzas, actualmente consegue ter um rendimento mensal de cerca de 120 mil kwanzas.

Para maquilhar uma noiva, por exemplo, os valores partem dos 15 mil kwanzas, já para festas e outros eventos rondam os oito mil aos quais se devem acrescentar mais quatro mil para a deslocação. Por mês, tem uma média de 10 a 15 clientes, o que permite uma arrecadação média de 120 mil kwanzas. Com este rendimento, paga os estudos na faculdade, em Psicologia, nas despesas de casa e paga a ajudante de maquilhagem.

Os preços das profissionais variam de acordo com os clientes, tipos de maquilhagens e eventos. Uma noiva, por exemplo, para ser maquilhada pela profissional Josenália Maquilhadora paga 20 mil no seu salão e 25 mil kwanzas se se for ao encontro da cliente. Já uma maquilhagem normal para noite, trabalho, desfile de moda, programas televisivos, vídeo-clips ou festa, fica por 10 a 15 mil kwanzas com a desolação.

Há quem concilie a maquilhagem ao cabeleireiro, pois há quem queira uma “boa maquilhagem e penteado”, no mesmo local. Josenália, de 27 anos, está na área há dois anos como profissional, o que já lhe possibilitou criar o próprio espaço, dar formação a clientes, pagar a renda de casa, a formação do filho e da irmã e ainda comprar um carro. “Vivo do meu trabalho e cubro todas as despesas possíveis”, declara.

Em média, consegue atender mais 17 clientes por semana, o que perfaz quase 70 clientes no mês, mas nada fixo. Os números são muito variáveis, com a receita média a fixar-se nos 200 mil kwanzas. Josenália trabalha sozinha, mas, com a expansão do salão, pretende gerar, pelo menos, dois empregos. “O mercado é acessível para quem já tem clientes, é necessário mostrar competência no que se faz. É bom quando temos algum suporte financeiro, porque, nesta área, nem sempre há clientes, e, com a rectaguarda assegurada, fica mais fácil. Pessoalmente, não recorri a empréstimo bancário.”

Por seu lado, Margareth Nascimento, de 27 anos, frequentou um curso de 145 horas de maquilhagem profissional, em Lisboa, pagando cerca de 2.400 euros (mais de 2.700 dólares). E é em Portugal onde hoje exerce a profissão, mas já trabalhou em Angola. Antes procurou por um financiamento, mas não teve sucesso, por isso teve de trabalhar no verão numa casa de eventos (copa e limpeza) para financiar o sonho. “Muito dos valores que invisto nos negócios foram feitos de poupança, porque comecei a fazer roupas, que é muito mais fácil vender e assim consegui ‘dar gás’ aos meus negócios”, revela.

Entre lá e Angola, nota diferenças: “Não faço muito trabalho como fiz em Angola onde, num mês, fiz quatro maquilhagens para festas e duas para noivas. Isso porque a minha agenda estava muito apertada.”

Com o dinheiro que arrecada desses trabalhos, faz poupanças para fazer crescer os negócios.

Em Angola, Margareth fazia a preparação para noivas por 50 mil kwanzas, por ser maquilhagem profissional e por fazer questão de acompanhar a noiva até à conservatória e à igreja, incluindo o cabelo (penteado).

Para festas normais, cobra 10 mil kwanzas e ao domicílio 13 mil. As mais solicitadas são para as festas e noivas.

“Hoje é possível viver da maquilhagem, mas tem segredos que passam pela concentração, foco e determinação e é necessário ser rigorosa consigo mesma tanto com os orçamentos, como na pontualidade e na simpatia com as clientes.”

Os valores dos produtos variam muito. Por exemplo, uma base da marca Mac, em Lisboa, custa 35 euros, uma Inglot fica pelos 15 euros, a da H&M 10 euros. Ou seja as maquilhadoras dizem que “nem sempre os produtos mais caros são os melhores”.