ANGOLA GROWING
TRABALHADORES JÁ NÃO VÃO À EMPRESA

FILDA encerrada por falta de energia

CRISE. Espaço em que se realiza a Expo-Angola não tem energia eléctrica desde Setembro, por causa das dívidas acumuladas. Os funcionários deixaram de aparecer e não recebem salários há nove meses. O PCA da FIL recusa-se a prestar declarações.

O espaço que acolhe a maior feira multissectorial de Angola e outras está sem energia eléctrica desde Setembro do ano passado, por causa das dívidas à Empresa Nacional de Distribuição de Energia (ENDE), confirmaram, ao VALOR, trabalhadores ligados à Feira Internacional de Luanda (FIL).

A falta de energia levou ao encerramento “ocasional” da empresa, já que os cerca de 100 trabalhadores deixaram de comparecer, apesar de terem “vontade de trabalhar, receber clientes e realizar pesquisas”.

De acordo com as declarações de várias fontes, os funcionários, que se dizem dispostos a trabalhar caso a electricidade seja reposta, fizeram vários pedidos ao presidente do conselho de administração (PCA), Matos Cardoso, para que a dívida à ENDE “fosse liquidada”, mas não obtiveram sucesso e foram simplesmente “ignorados”.

Para além dessas dívidas, os trabalhadores estão há nove meses sem salários, o que originou uma greve no final de Dezembro, que serviu somente para que a administração pagasse apenas 70% do salário de um mês. Os funcionários acusam Matos Cardoso de “má gestão”, apesar de este se defender com o argumento de que a FIL se encontra nesta situação porque alguns ministérios, com que realizou feiras, ainda não pagaram.

Os trabalhadores recusam-se a acolher as “desculpas” e não acreditam em dias melhores para a empresa, apesar de a administração ter garantido que já escreveu ao Governo e pediu apoio ao Presidente da República para que a situação se resolva. “Não se justifica estarmos tanto tempo sem salário, por causa dos níveis de facturação dos últimos anos, apesar da dívida dos ministérios”, declararam.

O VALOR contactou Matos Cardoso, mas o gestor mostrou-se indisponível em esclarecer qualquer situação, declarando que as questões relacionadas com a empresa deviam ser resolvidas em “fórum próprio” e que não estava “disponível a responder à comunicação social”.

Recentemente, alguma imprensa noticiou que o Supremo Tribunal havia ordenado o afastamento de Matos Cardoso da gestão da FIL e que o gestor poderia ser alvo de um processo de responsabilidade civil e criminal, considerando que não foi “idóneo” na condução da empresa. No entanto, Matos Cardoso respondeu ao VALOR, ainda enquanto PCA da FIL.

OUTRAS 'MAKAS'

O nome de Matos Cardoso chegou a constar, em 2011, de uma lista do Tribunal de Contas (TC) de gestores públicos e responsáveis pela gestão de fundos públicos que foram alvo de processos em julgamentos e outros condenados em primeira instância. Na lista, Matos Cardoso aparece com processos de “responsabilidade financeira reintegratória” em julgamento. A lista foi divulgada durante os cumprimentos de fim de ano do TC.

Matos Cardoso, em comunicado divulgado na altura, explicava alguns “equívocos” relacionados com a lista, salientando que “não era um gestor público”, porque “nunca tinha sido nomeado e, como tal, nunca tomou posse segundo as regras próprias estabelecidas para as empresas públicas”.

O gestor reconhecia a confusão sobre a natureza jurídica da FIL-SA, de que a empresa não era uma empresa pública, mas uma empresa privada de capitais públicos constituída em 2007.