FMI regressa à Argentina com 50 mil milhões USD
FINANCIAMENTO. Fundo Monetário Internacional volta a intervir. Desta vez, promete manter os apoios sociais e reforçar o banco central. Pedido do governo foi feito em Maio. Economia argentina tenta travar quedas sucessivas do valor da moeda.
Um novo acordo de financiamento foi assinado entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo da Argentina, prevendo um desembolso de fundos de até 50 mil milhões de dólares para corrigir a alta da inflação do mercado e “restaurar a confiança” dos agentes económicos daquele país sul-americano, de acordo com uma nota do organismo citada pela imprensa internacional.
O desembolso decorre de um pedido de assistência financeira que o país emitiu em Maio, depois de ver reduzido o seu produto interno bruto (PIB), com a saída de investidores dos mercados emergentes.
Parte do envelope financeiro já está nos cofres do Tesouro daquele país, e está calculada em 15 mil milhões de dólares, enquanto outros 35 mil milhões estão previstos ao longo dos três anos, período que deve durar o acordo.
Entre as metas do acordo figura a necessidade de redução da inflação e deve ainda estabelecer “metas mais realistas e reforçar a independência do banco central do país”. “O plano inclui passos para proteger a camada mais vulnerável da sociedade ao manter os gastos sociais se as condições piorarem, ao permitir mais gastos no sistema de seguridade argentino”, declarou o FMI.
O acordo marca uma viragem para a Argentina, que, durante anos, evitou o FMI depois de uma crise económica devastadora entre 2001 e 2002, crise que muitos argentinos atribuíram às medidas de austeridade impostas pelo FMI. A decisão do presidente Mauricio Macri de recorrer ao credor provocou protestos nacionais.
A Argentina tentará, assim, reduzir o seu défice fiscal para 1,3% do PIB em 2019, contra os anteriores 2,2%, antevê Nicolás Dujovne, ministro do Tesouro do governo de Macri.
Do FMI, saíram exigências de um equilíbrio fiscal e um superávit fiscal de 0,5% do PIB até 2020, objectivos que integram o pacote de condições do organismo financeiro internacional ao país de Macri. Já Christine Lagarde, directora-geral do FMI, considera que “esta medida acabará por diminuir as necessidades de financiamento do governo, colocar a dívida pública numa trajectória descendente, além de aliviar um fardo das costas de Argentina”.
A taxa de juros da ajuda do FMIdeverá rondar entre os 1,96% e 4,96%, dependendo de quanto a Argentina usa. “O país deve pagar cada desembolso em oito parcelas trimestrais, com um período de carência de três anos”, impõe o acordo.
Há ainda a obrigação de o governo enviar “uma proposta ao Congresso para reformar a carta do banco central e fortalecer a sua autonomia”, além de que o banco central “vai parar de transferir dinheiro para o Tesouro”, uma prática conhecida localmente como a “pequena máquina”, vista como um dos principais impulsionadores da inflação incessante. “A pequena máquina foi desligada; está desconectada”, disse o governador do banco central, Federico Sturzenegger, em resposta às exigências do organismo.
O apoio do FMI deve reforçar os activos argentinos, que caíram nos últimos meses.
Juros nos 60%
O banco central argentino decidiu, no fim da semana passada, voltar a aumentar a sua taxa de juro de referência de 45% para 60%, em resposta à “actual conjuntura cambial”, marcada pela depreciação do peso. O comité de política monetária daquele supervisor argentino explicou que a medida foi adoptada por unanimidade “perante o risco de um maior impacto na inflação”.
Esta subida dos juros foi decidida apenas 17 dias depois do último aumento de 40% para 45%, que já tinha sido antecedido por outras medidas. O comité compromete-se a manter os juros nos níveis actuais até Dezembro.
O peso caiu durante as intensas negociações nas bolsas estrangeiras, caindo mais de 10%, apesar do movimento da taxa do banco, na queda mais severa da moeda desde que foi lançada em 2015. Até ao último dia da semana passada, um dólar valia mais de 39 pesos, tendo valido aproximadamente 18 pesos no começo
JLo do lado errado da história