Seguranças facilitam entrada devido à “situação difícil” do país

Fome leva cada vez mais pessoas ao aterro sanitário, obrigando à criação de grupos divididos em turnos

11 Dec. 2024 Economia / Política

Reportagem. Seguranças do aterro também estão na disputa da comida expirada e estragada que é descartada. Como forma de evitar lutas sangrentas, formaram-se grupos de recolha, cada um com 24 horas para apanhar desde comida a plástico e cobre. Crianças, adolescentes, jovens e adultos lançam-se na luta frenética para esquivar da fome e do desemprego.

Fome leva cada vez mais pessoas ao aterro sanitário, obrigando à criação de grupos divididos em turnos

São crianças, jovens e adultos que, a todo o momento, escalam as altas montanhas de lixo do aterro sanitário dos Mulenvos, em Luanda, em busca do que lhes pode saciar a fome. A todo minuto, entram e saem com trouxas à cabeça contendo desde comida, plástico ou cobre. É uma realidade visível ao olho de todos que passam nas imediações, mas ignorada por decisores públicos. 
Foi às 15 horas de quinta-feira, 19, que a equipa de reportagem do Valor Económico escalou as montanhas de lixo de mais de 15 metros de altura para aceder ao local onde é depositado todo lixo e resíduos produzidos em Luanda, depois de um dia de observação dos pontos de entrada e saída dos angolanos que têm o local como a ‘salvação’ numa fase de fome apertada. Curiosamente, um dos pontos fica muito próximo da portaria, a única, de onde entram e saem os caminhões das empresas de recolha de lixo. A zona é assegurada por uma empresa privada de segurança e pela Polícia Nacional, com um posto no ladodentro. No ententanto, o acesso não é tão difícil. 
À medida que se escala, o cheiro nauseabundo é cada vez mais forte. Visivelmente o lixo e resíduos são queimados juntos e, aparentemente, misturados com produtos químicos, enquanto mais pessoas vão saindo e entrando com sacos à cabeça. Já no topo, vê-se o cenário arrepiante, as várias pessoas de sã consciência, sem protecção, a procurarem o que há para sobreviver. Com o fumo a desvanecer, um adolescente franzino dedicado à procura de cobre, numa breve conversa, diz que o que consegue é vendido no “peso dos malianos” e “serve para comer com a família”. Em seguida, indica-nos o ponto onde é depositado o que chamam de “lixo bom”. Fica a 200 metros e é onde é observada a verdadeira tragédia, com as crianças e adolescentes alegres a treparem os camiões, em andamento, à medida que chegam em velocidade. Nem sempre acaba bem, alguns ficam feridos e perdem a vida. Aí é descarregado todo o tipo de lixo, desde o alimentar ao hospitalar. 

Para ler o artigo completo no Jornal em PDF, faça já a sua assinatura, clicando em 'Assine já' no canto superior direito deste site.