ANGOLA GROWING
NEGÓCIO DE ‘ROULOTTES’ GERA LUCROS DE DÁ EMPREGOS

Formação e alimentos graças a hambúrgueres

COMÉRCIO. Jovens investidores de roulottes asseguram que o negócio de venda de hambúrgueres e cachorros-quentes já é bastante lucrativo em Luanda, mas lamentam a proliferação dos espaços ilegais que não pagam impostos.

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O aumento de ‘roulottes’ que comercializam hambúrgueres e cachorros-quentes em Luanda é evidente, sinal de que é lucrativo. O negócio, cuja origem é associada aos EUA, foi ‘confeccionado’, pela primeira vez, por imigrantes alemães, naturais de Hamburgo, e chegou a Angola um pouco antes do fim da guerra.

Então invulgar na sociedade angolana, inicialmente, detido por estrangeiros que não se coibiram em ensinar a jovens nacionais, hoje a expansão do negócio contribuído para a inclusão e redução da pobreza de muitas famílias.

Por exemplo, a Mujope – empresa que é uma das maiores referências de ‘roulottes’ em Luanda – conta com 22 trabalhadores, desde seguranças, cozinheiros (de hambúrgueres), empregados de limpeza e pessoal de produção, pagos com os ganhos conseguidos com a venda de hambúrgueres, cachorros e ‘fahitas’.

“A sociedade ou o Estado, no seu todo, devem levar-nos a sério. Pois, só com a venda desses produtos, a Mujope emprega dezenas de pessoas, na sua maioria chefes de família. Temos 12 trabalhadores com esposas e filhos e dez solteiros”, afirma Alberto Filipe, responsável pelo sector administrativo e financeiro, para quem as autoridades devem actuar e persuadir os proprietários de ‘roulottes’ ilegais a regularizarem-se.

“Os trabalhadores aqui não ganham nada mal, se comparado a outras instituições ligadas à venda de hambúrgueres. Os seguranças da Mujope auferem um salário base de 28 mil kwanzas, os cozinheiros vencem 30 a 35.000”, revela Alberto Filipe, apelando ao Estado uma redução do “volume tributário” das empresas do sector.

Uma fonte do Ministério do Comércio explicou, ao VALOR, ser competência das administrações municipais a fiscalização das ‘roulottes’, dado que o referido negócio se insere no regime de “negócios de pequeno porte”.

À semelhança de Alberto Filipe, diferentes gestores deste segmento de negócio associado à restauração têm solicitado maior apoio do Estado e reafirmam a ideia de ser “bastante” lucrativo. “Se eu não optasse por vender hambúrgueres e cachorros-quentes, não sei o que seria de mim e da minha família. Como qualquer outro negócio, esse também tem altos e baixos. Mas, se bem gerido, não há grandes dificuldades”, garante Adriano Coelho, proprietário de duas ‘roulottes’ (nos Zangos I e III).

O jovem, com 34 anos de idade, confessa que, inicialmente, vendia os pães sem se preocupar com os impostos, mas, após ter sido abordado por agentes da fiscalização, constituiu uma empresa especializada em produção de hambúrgueres, cachorros-quentes e outras iguarias. “A venda é lucrativa, mas seria ainda mais se o Governo encerrasse as ‘roulottes’ que não pagam impostos.”

Adriano Coelho tem duas ‘roulottes’ e não exerce qualquer outra profissão. Paga 15 mil kwanzas a cada uma das duas empregadas, além de pagar o arrendamento dos espaços. O seu rendimento confere-lhe ‘estaleca’ financeira para assegurar as propinas na universidade e sustentar a família.

Igualmente optimista quanto à comercialização de hambúrgueres, Mara Stefane, natural de Malanje, reconhece não pagar impostos “pela falta de hábito dos angolanos”. Conta que sempre procurou, mas nunca conseguiu um emprego. “Como mãe solteira, tinha mesmo de me virar”, acrescenta.

Para começar o negócio, solicitou 70 mil kwanzas aos irmãos. Comprou a ‘roulotte’ por 40 mil kwanzas, em 2008, e agora tem uma empregada que assegura as noites enquanto frequenta a universidade, onde estuda enfermagem, pagando 26.000 mil kwanzas de propina.

Engrácia Bernardo, empregada da ‘roulotte’ Bem-estar, no interior do Rangel, geralmente compra a embalagem do pão a 500 kwanzas. A carne para o hambúrguer custa mil kwanzas o saco e, para o cachorro, mil kwanzas cada lata grande de salsichas. “Parecem muitos gastos, mas, vendendo o hambúrguer a 700 e o cachorro a 400 kwanzas, há sempre lucro”, explica a vendedora. E reforça que os preços não são iguais em toda a cidade: “Por exemplo, na baixa da cidade, pode-se encontrar hambúrgueres a 1.200 kwanzas e o cachorro a 700 ou mesmo a 800. Esses aí é que fazem mesmo mais dinheiro”, remata.