Futebol ‘apanhado’ na fuga ao fisco
DESPORTO. Depois do caso ‘Panama Papers’, que envolve políticos e empresários num esquema de fuga aos impostos, chegou a vez dos futebolistas. Dezenas de ‘estrelas’, das mais bem pagas do mundo, depositaram dinheiro em ‘paraísos fiscais’. Em Espanha, processo pode resultar em prisões.
Tal como a investigação no caso do ‘Panama Papers’, o consórcio de jornais, que trabalha na investigação de fuga aos impostos e desvios de dinheiro para ‘paraísos fiscais’, recebeu 18 milhões de documentos que envolvem centenas de jogadores profissionais de futebol. Grande parte deles trabalha em Espanha, o que levou as autoridades deste país a fazerem uma investigação às contas dos jogadores, treinadores e clubes.
Os portugueses José Mourinho, Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho, Pepe e ainda Ozil, Di Maria, Xabi Alonso, Neymar, Van der Vaart são alguns dos nomes que surgem envolvidos na investigação inicialmente revelada pelo jornal alemão ‘Der Spiegel’, mas difundida pela página ‘FootballLeaks’. O grupo de jornais, que tem divulgado a informação, é composto por órgão de Espanha, Inglaterra, Alemanha, Sérvia, Portugal, Itália e França, e envolveu 60 jornalistas que investigaram durante meses.
Os documentos foram cedidos pela plataforma digital ‘Football leaks’, que surgiu em Portugal e que assume ter como objectivo denunciar a corrupção, a fraude e a evasão fiscal no futebol.
O processo mais mediático tem sido o de Cristiano Ronaldo que é acusado de ter utilizado uma empresa fictícia, sediada nas Ilhas Virgens, para ocultar receitas de publicidade de cerca de 90 milhões de dólares e, segundo o Der Spiegel, alguns colaboradores próximos de Ronaldo revelaram-se preocupados com a possibilidade de detalhes da sociedade caribenha chegarem ao conhecimento das autoridades.
O jogador português desmente a informação e tratou de divulgar cópias da entrega de impostos em Espanha. No entanto, as autoridades espanholas continuam a investigar e solicitaram a um tribunal que proibisse os jornais de dar mais informações sobre o processo. A medida foi aceite por um juiz do Tribunal Administrativo, argumentando que as informações violam a “privacidade dos atletas”. O próprio ministro dos Desportos espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, mostrou-se contra a proibição.
Até a semana passada, a maioria dos nomes envolvidos, entre treinadores e jogadores, trabalha com a Gestifute do empresário Jorge Mendes. A empresa fez saber, na quinta-feira, numa declaração pública, os atletas estão em dia com as suas obrigações fiscais, tanto em Espanha como em Inglaterra.
Numa declaração, enviada à Agência Lusa, a Gestifute sublinhava os casos de Cristiano Ronaldo e e José Mourinho, garantindo que “nunca estiveram envolvidos em qualquer processo judicial relativo à prática de qualquer delito fiscal”.
Também como aconteceu com o ‘Panama Papers’, o consórcio de jornalistas promete revelar mais dados sobre a evasão fiscal, nas próximas semanas.
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