Grupo chinês não paga à TAP
GESTÃO. O HNA fechou o ano passado com uma dívida de 77 milhões de euros e esteve quase a entrar em incumprimento num outro emprestimo no valor de 124 milhções.
Problemas de liquidez do conglomerado Hunan Trust (HNA), accionista da portuguesa TAP através da Atlantic Gateway, levaram ao ‘falhanço’ no pagamento de uma dívida superior a 37 milhões de euros, revelou, na passada sexta-feira, um fundo de investimento chinês.
A entrada em incumprimento ocorreu apesar de o grupo ter vendido mais de 15 mil milhões de euros em activos, este ano, visando enfrentar uma grave crise de liquidez.
Em Agosto, o HNA começou também a falhar empréstimos constituídos junto de individuais, através de plataformas ‘online’ de financiamento directo (P2P, na sigla em inglês). A empresa esteve quase a entrar em incumprimento num outro empréstimo, no valor de 124 milhões de euros, encerrou o ano passado com uma dívida de cerca de 77 mil milhões de euros, segundo os dados divulgados na apresentação dos resultados anuais.
Em Portugal, o HNA detém uma participação na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45% da TAP. O Estado português é dono de 50% da TAP, estando os restantes 5% do capital nas mãos dos trabalhadores.
Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou, em Julho de 2017, o primeiro voo directo entre a China e Portugal. No entanto, pouco após celebrar o primeiro aniversário do voo, a empresa anunciou a suspensão, entre Outubro e Março.
O HNA, que detém ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, está já sob supervisão de um grupo de credores, liderado pelo Banco de Desenvolvimento da China.
Nos últimos anos, a alteração dos veículos de financiamento na China, do sector bancário formal para outros menos regulados, mas com altas taxas de juro, resultou numa vaga de incumprimentos por todo o país e excesso de endividamento corporativo.
O grupo recusou revelar o nível de exposição da sua dívida a plataformas P2P e outros produtos.
Na carta enviada aos investidores, o Hunan Trust revela que a firma falhou o pagamento de uma dívida de 300 milhões de yuan (37,4 milhões de euros), que venceu a 10 de Setembro, “apesar das várias tentativas para comunicar com a HNA por telefone ou reunir pessoalmente”. O empréstimo foi contraído pela subsidiária cotada na bolsa de Xangai, HNA Innovation, com garantia do HNA Tourism, o negócio responsável pela maior parte das receitas do grupo.
A mesma nota detalha que o fundo irá agora tentar confiscar activos do HNA Innovation e HNA Tourism.
Os produtos emitidos pelo Hunan Trust ofereciam uma rentabilidade anual de 6,5%, para quem investisse até seis milhões de euros, e 6,7%, para investimentos superiores.
O investimento mínimo era 124 mil euros. O Hunan Trust é detido na totalidade pelo governo da província de Hunan, centro da China.
O grupo HNA é um dos maiores conglomerados privados chineses, mas vários dos seus investimentos além-fronteiras foram vetados pelos reguladores, devido a uma estrutura accionista “difícil de decifrar”.
Fundado em 1993, quando a propriedade privada estava ainda a começar no país asiático, como uma pequena companhia aérea regional, o grupo HNA alargou, nos últimos anos, os investimentos aos transportes, logística e retalho, acumulando activos de 123 mil milhões de euros.
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