N’soki, artista e empresária

“Há artistas que não ganham prémios e fazem imenso sucesso”

ENTREVISTA. Prestes a completar cinco anos de carreira, N’soki Neto fez grande investimento na sua carreira, contratando o melhor DJ e produtor sul-africano, Maphorisa, que produziu o single, ‘África United’ em colaboração com Paulo Alves. A artista confessa que tudo o que ganha na música investe na música, pois não vive só desta arte.

 

Como está a carreira?

Está a correr bem, agora com muito mais trabalho. Fui convidada para o primeiro festival da cerveja N’gola, no Lubango. Quanto mais tempo nos dedicamos à música, mais temos de investir. A música não é estática, a vida do artista é bastante dinâmica. Temos sempre de trabalhar para manter o interesse do público.

Foi este o motivo da ‘Prova dos 9’?

A ‘Prova dos 9’ foi mais um passo para a internacionalização. Com este álbum, tive duas músicas: ‘Vai-te Embora’ e ‘My Treasure’, que estiveram na trilha sonara da novela portuguesa ‘A Única Mulher’. Ganhei alguns prémios.

Como avalia os álbuns ‘Meu Anjo’ e ‘Prova dos 9’?

No que diz respeito às músicas, não fugi tanto do ‘Meu Anjo’, porque tive muito sucesso, e ‘Prova dos 9’ também tem géneros do primeiro álbum. Era inexperiente na apresentação ao publico, porque sou tímida. Quando lancei o segundo álbum, já sabia o que os fãs queriam ouvir.

A N’soki está mais ousada e mais badalada no single ‘África United?

Estou a promover o single ‘África United’ e está a correr muito bem. É uma música em colaboração com dois DJ. Um internacional, que é onsiderado o melhor produtor de África, o sul-africano DJ Maphorisa, e o angolano Paulo Alves. Esta música fala sobre a união dos países africanos e foi feita para todos os africanos. Tinha de ser mais ousada e animada e extremamente dançante. Contactei o Maphorisa porque ele conhece as melhores sonoridades e as tendências de África. Uma música que fala para todos os africanos não podia ser kizomba ou semba, tinha de ser algo mais atraente até no vídeo.

Que custos teve a contratação do melhor DJ e produtor de África?

Sou uma artista que investe bastante na música e nos vídeos. Todo o dinheiro que faço na música é directamente investido na música. Como não vivo só da música, consigo direccionar melhor o que ganho. E é uma questão de planificação, o que mais foi difícil conseguir foram as divisas. Os meus projectos são feitos com bastante antecedência e procuro os apoios com antecedência para despois alcançar os objectivos.

E sente o ‘feedback’?

Felizmente, o meu público tem adorado a música. Tem acontecido algo especial, porque tenho recebido mensagens da Nigéria, Quénia, África do Sul, Gabão e Tanzânia. Isso quer dizer que o objectivo está a ser alcançado, foi uma música feita para o continente e os países estão a ouvir. Por exemplo, é a minha primeira vez a ter um vídeo clipe a passar no canal ‘Trace Africa’, que não passa música lusófona.

Teve receio que não fosse ouvida?

Sim! Perguntava-me: será que as pessoas vão entender? Do que é que se trata o ‘Africa United’? Mas quem a ouve nota que tem muito da N’soki, porque tem sonoridades diferentes.

Sente-se a princesa do zouk?

Não me sinto no direito de atribuir-me qualquer nome ou elogio, é sempre o papel do público. Não sou vaidosa a esse ponto de chamar-se de rainha ou duquesa. Simplesmente sinto que devo fazer bem o meu trabalho. Mas se o público decidiu eleger esse nome carinho, sinto-me muito grata, seria muito pretensioso de minha parte, autoatribuir-me qualquer nome.

Receia perder o título de ‘princesa do zouk’?

É a primeira vez que lanço música neste género. Tenho dois álbuns acho que mereço algo diferente, porque, às vezes, o público quer ver o seu artista evoluir. Às vezes, é necessário quebrar a rotina, para atrair outras atenções.

O que acha da atribuição de prémios nos concursos?

Nós os artistas temos de pensar menos em prémios. Não me sinto chateada quando não sou nomeada. Há artistas que não ganham prémios e são bem pagos, fazem imenso sucesso. Para mim, o que interessa é continuar a trabalhar e ter visibilidade e o apoio dos fãs. Porque desaponta bastante quando idealizamos um prémio, porque achamos que a nossa música é a melhor. O mais importante é trabalhar, mas, se os prémios vierem, são bem recebidos (risos).

Faz músicas mais comerciais?

No primeiro álbum, lancei músicas não comercial. O público é que as torna comerciais. Aconteceu com ‘Ave Maria’, ‘Vai-te Embora’. Deram atenção a estas músicas e tornaram-se comerciais.

O Kineto Produções é resultado do percurso da N’soki?

É muito difícil ser um artista independente sem qualquer tipo de representação. A Kineto Produções foi criada para me representar legalmente, todo o artista precisa de um suporte.

O que a Kineto Produções faz?

É uma empresa constituída pelo meu marido e eu. Fazemos agenciamento, distribuição digital, produção de eventos entre outras coisas.Além de mim, há outros artistas.

É positiva a exposição dos artistas nas redes sociais?

As redes sociais fazem parte da vida de qualquer artista. É impossível ser artista e não ter uma conta. Tem de ter Facebook, Twiter, Instagram, Snapchat. Nós os artistas fazemos o nosso marketing. Para além de trabalharmos com a imprensa, temos influência no comportamento do público.

PERFIL

De nacionalidade angolana, N’soki Neto é casada com Yuri Neto, seu manager e sócio na Kineto Produções, com quem tem duas filhas. Sonha conhecer Angola completa. O seu prato preferido é muamba de jinguba e pizza. Óculos escuros e batons são acessórios indispensáveis na sua carteira. Formou-se em Finanças, nos Estados Unidos, onde cantava música lírica, em soprano e mezzo-soprano. Os estilos zouk/kizomba e r&b/soul deram-lhe o título de ‘princesa do zouk’ em Angola. Em 2014, ganhou na categoria ‘Artista Feminina do Ano’, nos AMA. Venceu, no Top da Rádio Luanda: ‘Voz Revelação Feminina’ e ‘Melhor Voz Feminina do Ano’, e ‘Artista Revelação’ no Moda Luanda 2014.