ÁFRICA MANIFESTA-SE CONTRA DONALD TRUMP

Humor ajuda a economia

22 Jan. 2018 Sem Autor Mundo

POLÉMICA. Vários países africanos aproveitaram as declarações “ofensivas” do presidente dos EUA para captar turistas, usando o humor. Todos querem mostrar que os países que Trump insultou têm condições “fantásticas”.

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Vários operadores turísticos africanos estão a aproveitar a polémica à volta da declaração do presidente dos Estados Unidos sobre alguns ‘países de merda’ para captar turistas. “Bem-vindo ao país de merda número 1 em África”, diz o narrador de um vídeo promocional da Namíbia, produzido pelo operador turístico privado The Gondwana Collection, cuja voz surge por cima de um conjunto de imagens da fauna animal e da beleza natural do país, noticia a agência de informação AP.

Além do operador turístico privado da Namíbia, também uma página no Facebook que promove o turismo na Zâmbia colocou uma imagem de uma paisagem natural com quatro asteriscos seguidos da palavra ‘hole’ e depois Zâmbia, cujo sentido pode traduzir-se por qualquer coisa como ‘Zâmbia, país de m****’.

O Governo do Botsuana, por seu turno, optou por colocar imagens da vida animal no país e classificou-o como ‘país de água’. Mais a sério, mais de 70 antigos diplomatas africanos desafiaram o presidente dos EUA a retratar-se nos adjectivos sobre África, lembrando os “laços profundos” do continente com os Estados Unidos.

O desafio surge numa carta, enviada a Donald Trump, e assinada por 78 ex-embaixadores dos EUA que trabalharam em 48 países africanos. Os diplomatas manifestam uma “profunda indignação” perante as declarações do líder norte-americano e recordam que África “tem laços históricos profundos com os EUA”. “Os EUA são mais seguros e melhor equipados para resolver os problemas que a humanidade enfrenta quando trabalhamos, escutamos e aprendemos com nossos parceiros africanos”, lê-se na carta.

“Esperamos que reavalie essa visão de África, dos seus cidadãos e reconheça as importantes contribuições que os africanos e afro-americanos fizeram e continuam a fazer para o nosso país, a nossa história, a nossa economia e as ligações duradouras que sempre existirão entre nós”, concluem.

A União Africana (UA) também condenou as observações a que chama “ofensivas” e “perturbadoras”. E o presidente senegalês, Macky Sall, manifestou-se “chocado” com as observações de Trump.

O Botswana também reagiu em um comunicado e convocou o embaixador dos EUA para expressar a “insatisfação” com as observações “racistas” feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump.

“Que o primeiro representante dos Estados Unidos se expressa nestes termos é indigno, perturbador e ofensivo”, reagiu, na conta no Twitter, a secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia (OIF), a canadiana Michaëlle Jean.

No dia seguinte ao protesto, o presidente dos EUA reagiu com uma fórmula torcida no Twitter: “O idioma que usei na reunião foi difícil, mas essas não são as palavras usadas”, garantiu. Vários parlamentares, por sua vez, disseram ter ouvido essas palavras, ou tiveram confirmação de primeira mão dos presentes.

De acordo com os jornais The Washington Post e New York Times, Donald Trump afirmou, numa reunião com senadores sobre política de imigração, que os países africanos, o Haiti e El Salvador “são países de merda”.

Trump admitiu ter usado “linguagem dura” na reunião, mas negou a expressão “países de merda” para se referir ao Haiti, El Salvador e nações africanas.

De acordo com fontes conhecedoras do teor da reunião, citadas pela imprensa dos EUA, além daquelas palavras, Trump disse que preferia abrir as portas a imigrantes procedentes de países como a Noruega.