AGENDADO PARA O I TRIMESTRE DE 2013 E FINAIS DE 2015

Implementação do mercado de acções com três anos de atraso

MERCADOS. Cronograma de implementação dos cinco mercados de valores mobiliários previstos agendava período entre primeiro trimestre de 2013 e quarto trimestre de 2015 como data de arranque e conclusão do mercado acções na Bolsa de Luanda. Nova data aponta para 2017.

O plano da Comissão do Mercado de Capitais (CMC) para a implementação do mercado de acções e equiparáveis já está três anos fora dos prazos iniciais agendados, de acordo com o cronograma indicativo de implementação, que acompanha a estratégia de actuação 2012-207.

Criada pela administração do ex-presidente da entidade, Augusto Archer Mangueira (actual ministro das Finanças), o cronograma de implementação previa o primeiro trimestre de 2013 e o quarto de 2015 como datas indicativas de início e conclusão do processo de implementação do mercado de acções na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA).

Estes prazos não foram observados, se se considerar que, actualmente, só foram inaugurados dois dos cincos mercados de valores mobiliários previstos, designadamente o mercado de dívida Pública e o de dívida corporativa, este último lançado no primeiro semestre do ano passado.

Para trás, ficam os mercados de fundos de investimentos, mercado de acções e equiparáveis e o de futuros, que, segundo a estratégia 2012-2017 da CMC, deviam estar concluídos antes do final de 2016, e que agora entram para a agenda de trabalho da nova presidente do conselho de administração, Vera Daves.

Mas o novo conselho de administração já tem novas datas. Ou seja, o que era para 2015 fica reprogramado para 2017, como é o caso de mercado de acções e equiparáveis, conforme previu Vera Daves, quando falava, há duas semanas, aos jornalistas na tomada de posse ao posto de PCA da CMC.

Vera Daves entrou de ‘mãos cheias’, a julgar pela sua agenda que, para além de pôr em marcha os restantes mercados de valores mobiliários, deve “dar maior profundidade ao mercado da dívida pública e dinamizar o mercado de dívida corporativa”, além da implementação de um “conjunto de iniciativas que viabilizem o financiamento de actividades que contribuam para o grande desafio da diversificação da economia nacional”.

A nova gestora da CMC entende que a literacia financeira deve ter igualmente prioridade na sua agenda, uma acção que espera concretizar em associação com o Banco Nacional de Angola (BNA), de Valter Filipe, e a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), de Aguinaldo Jaime.

CAMINHO A TRILHAR…

A nova administração terá outros desafios, como a divulgação do pacote regulatório e a preparação de empresas para o mercado de acções, um objectivo que se advinha difícil de materializar já que, mais do que iniciar o mercado, as empresas deverão estar preparadas.

Actualmente, estão registadas na CMC 39 entidades financeiras, entre sociedades de gestora de mercado de regulamentados, sociedades gestoras de organismos de investimento colectivo, instituições bancárias e auditores externos.

O mercado de acções “constitui-se tipicamente num ambiente organizado para a colocação e negociação de valores mobiliários – como acções e outros instrumentos financeiros equiparáveis –, podendo o mesmo operar através de uma bolsa de valores ou de um mercado de balcão regulamentado (OTC), dentro de um quadro normativo previsto por lei e por regulamentos”, define a CMC, na sua estratégia de actuação.

…GANHOS PARA OS INVESTIDORES

Como contrapartida, quem investir no mercado de acções passa a beneficiar de um conjunto de condições. As empresas passam a ter “alternativas relativamente baratas e eficientes de financiamento da actividade, melhorando potencialmente a sua governação”.

As empresas vão poder ainda financiar-se “sem endividamento” e ter “redução no risco sistémico”, além da oportunidade de rentabilizar seus recursos, fazendo trading no mercado (estratégia de curto prazo) ou com a expectativa de vir a receber dividendos (estratégia de médio-longo prazo).