COM 50 KWANZAS PODE LEVAR-SE PARA CASA ATÉ SEIS MIL

Jogo chinês ajuda famílias, cria vício e diverte adultos

APOSTAS. Empresários chineses estão a expandir um novo ‘jogo da sorte’, depois do fracasso dos que já desfilaram no país e que morreram à mesma velocidade. ‘Jogo das moedas’ está na moda e pode criar vícios.

 

Jogo chinês ajuda famílias, cria vício  e diverte adultos

Não é ‘Angola dá Sorte’ nem ‘Angomilhões’, jogos que ficaram na memória dos angolanos, mas que surgiram e desapareceram num ápice. Agora são os chineses que surgiram com o ‘Jogo das Moedas’. Está na moda, especialmente nas periferias de Luanda, Moxico, Kwanza-Norte e Bengo, como asseguraram os promotores ao VALOR. Na capital, a empresa está mais presente em Viana, Cacuaco e no Benfica.

Nas caixas espalhadas por cantinas, restaurantes e barbearias, só entra moeda metálica de 50 kwanzas e o jogador pode, se tiver sorte, ganhar até seis mil kwanzas, ou seja, 120 moedas de 50 kwanzas, por cada tentativa, podendo ganhar várias vezes até a um limite máximo de 25 mil kwanzas. Conhecido como ‘jogo da sorte’, facilmente se converte em ‘jogo de azar’. Olivério Muanza, gestor de máquina de jogos, conta que há quem ganhe alguma coisa e há quem aposte até dois mil kwanzas e perde tudo.

As máquinas são frequentadas maioritariamente por jovens e crianças, que já fazem do jogo um vício, segundo José Cabingano, outro gestor. “Muitas crianças até recebem o dinheiro das mães, para multiplicar e poderem comprar comida, mas nem sempre ganham, caem em desgraça, quando jogam e perdem tudo”, testemunha.

Dos que já venceram a aposta encontra-se José Cabingano, que ganhou, em três ocasiões, seis mil kwanzas em cada uma, levando para casa 18 mil kwanzas.

Como observou o VALOR, nestes jogos dos ‘chineses’, adultos bem posicionados socialmente também participam, por diversão, sobretudo quando vão a um restaurante onde há uma máquina.

O jogo deixou de ser apenas praticado em Luanda, onde, em diferentes municípios, estão instaladas 200 máquinas, de acordo com Olívio Manuel, que dá o rosto pela empresa chinesa ‘Jack sports’ e que garante que o negócio está legalizado. “É uma empresa de chineses, com toda a documentação”, afiança.

As máquinas são distribuídas em vários pontos, barbearias, restaurantes, por via de contratos de exploração, com base nos quais os donos dos espaços recebem 20% do lucro semanal.

Geraldo Sebastião, gestor de uma máquina, explica o jogo: “é simples, coloca-se a moeda e escolhe-se a opção. O valor mínino que sai da máquina por cada jogo é de 150 kwanzas e o máximo de seis mil. Semanalmente, os chineses injectam em cada máquina 25 mil kwanzas em moedas metálicas e lucram até 100% do valor aplicado em cada uma delas”, contabiliza.

Angola é fértil em jogos de sorte, alguns dos quais, embora legalizados, surgem e desaparecem em pouco tempo. Foram os casos do ‘Angola dá Sorte’, ‘Luanda dá Sorte’, ‘Raspadinha’ e Angomilhões. Nomes que deixaram marcas depois de agressivas campanhas de marketing. Agora é a vez do ‘Jogo das moedas da sorte’.