Jovens com currículos nas mãos foram cobrar empregos
Centenas de jovens decidiram de “livre e espontânea vontade” deslocar-se nas primeiras horas de hoje às instalações do hotel Intercontinental, de cinco estrelas, inaugurado ontem pelo Presidente da República.
Com currículos nas mãos e outros documentos de habilitações, os jovens decidiram “tentar fazer parte dos 900 empregos que o hotel vai gerir conforme foi anunciado ontem na inauguração pelo Presidente da República”. Sem que vissem anúncio nenhum por parte da cadeia hoteleira mundial do grupo Intercontinental (IHG) que vai gerir o empreendimento, os jovens decidiram “fiscalizar o processo de contratação e assim fazer parte dos quadros do hotel”.
Com cartazes com escritos: “Estamos aqui porque o senhor Presidente garantiu emprego” e ainda “Só queremos os 900 empregos, senhor Presidente”, os jovens ficaram várias horas à espera que alguém recebesse os seus documentos no hotel. As tentativas foram, no entanto, frustradas.
Com o foco na imprensa, alguns decidiram dizer todos os cursos que fizeram e que formação profissional detêm. “Tenho cursos básicos. Esse policia também que está a nos correr também sofre. Nós queremos emprego. O Presidente da República tem que fiscalizar. Estes homens que meteste aqui colocam os seus familiares em frente. Nós também estudámos”, gritava uma jovem, rodeada de outros que não paravam de gritar palavras como “queremos emprego” e ainda “também somos formados como os estrangeiros que muitos nem têm a segunda ou a terceira classe”.
O Hotel Intercontinental foi inaugurado ontem por João Lourenço, no âmbito das celebrações dos 45 anos da independência.
Na inauguração, o Presidente destacou que o hotel se enquadra na política de fomento ao turismo. “É evidente que este hotel vai criar cerca de 900 empregos directos e uns quantos indirectos. Não é suficiente, mas é bastante bom”, sublinhou o chefe de Estado.
O edifício do Hotel Intercontinental é um dos resultados da recuperação dos activos estatais pela Procuradoria-Geral da República, um investimento totalmente feito pelo Estado, através da Sonangol, e que depois passou para entidades privadas.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás, Diamantino Azevedo, na inauguração referiu que foi concedido o direito de exploração e gestão da unidade ao Grupo IHG, numa medida alinhada com o programa de privatizações do Governo. Diamantino Azevedo esclareceu também que, no início da operação, estarão cerca de 150 trabalhadores. O número de expatriados não ultrapassará os 5% do total, assegurou o ministro.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...