‘Kónicas’: negócio ?factura ao lado das escolas
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COMÉRCIO. Apesar de registarem maior procura no período das inscrições e matrículas, as populares ‘kónicas’ podem facturar, por semana, acima dos 400 mil kwanzas. Comuns em zonas escolares, são frequentemente geridas por chineses. Pouco a pouco, alargam o negócio para a venda de material escolar.
O negócio, popularmente conhecido por ‘konicas’, que, em muitos casos, começam com apenas um computador, uma impressora, fotocopiadora ou máquina fotográfica num espaço improvisado, é visto por uns como “rentável” e por outros apenas como “razoável”, por serem mais procuradas por estudantes, no período das inscrições e confirmação de matrículas.
Saul Martins é funcionário de uma ‘Konica’, no Golfe II, há mais de cinco anos. Depois de ver o surgimento de várias casas de fotocópias, naquela zona, o patrão, de origem chinesa, decidiu investir cerca de 500 mil kwanzas numa fotocopiadora industrial, baixar os preços e atrair mais clientes. E hoje, por cada cópia, cobra 10 kwanzas, por lado a preto e branco, enquanto a cores fica por 100 kwanzas, além de fazer a digitalização, impressão e plastificação de documentos, bem como fotografias normal e rápida.
Do investimento, a pequena empresa consegue uma facturação semanal de 500 mil kwanzas e já pensa em alargar a outros serviços, apesar de não possuir alvará para o exercício comercial. “Conseguimos ter um rendimento diário acima dos 30 mil kwanzas, graças à impressora super-rápida que, com muito sacrifício, encomendámos da China. A maior luta tem sido conseguir um alvará comercial, porque somos obrigados a fechar as portas quando percebemos que os polícias circulam nos arredores”, revela.
As ‘kónicas’, espalhadas por diversos pontos da cidade, normalmente são espaços com pouco menos de quatro metros quadrados. Em muitos casos, assemelham-se no tamanho e nos preços oferecidos. As que se encontram nas zonas urbanas acabam sempre por ter preços ‘mais puxados’. “Os materiais que normalmente usamos estão cada vez mais difíceis de encontrar. Conseguíamos importar, mas, com a crise, o quadro mudou. Nas lojas onde compramos subiram os preços, até a resma de papel está cara. Por isso é que oferecemos esses preços”, justifica Maurício Tati, funcionário de uma ‘kónica’ no Cassenda, em Luanda.
Aqui, a digitalização de um trabalho de investigação científica pode custar 3.500 kwanzas. A impressão do referido documento paga-se, por folha a preto e branco, 50 kwanzas e a cores 100 kwanzas. Já a plastificação de um cartão de estudante ronda os 150 kwanzas. Em média, atende, por dia, entre 10 e 15 clientes, número que Maurício Tati considera longe do desejado. “Já tivemos uma facturação muito acima do previsto, mas, com a retirada da maior parte dos estudantes do IGCA (Instituto Geográfico e Cadastral de Angola), baixámos muito. De mais de 30, para menos de 15. O negócio deixou de ser rentável”, considera.
Junto à Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, encontram-se várias ‘kónicas’. Os preços são basicamente semelhantes. Também regista um maior número de clientes nos primeiros dias do ano, apesar de, durante as aulas, principalmente no final de cada trimestre, receber muitos trabalhos. “Fazer cópias continua a ser a principal fonte de receitas. Para quem estiver bem organizado, chega a ser rentável. Às vezes, não conseguimos controlar os clientes, por isso é difícil definir médias diárias. Mas temos outros serviços que também nos garantem sustento”, explica Garcia Domingos. Esta ‘kónica’, com quatro funcionários, ajuda os estudantes na elaboração de trabalhos de fim de curso, ou monografias, sobretudo na fase de correcção: se for para imprimir apenas o documento, “pedimos, por folha, 50 kwanzas, mas, se for para fazer a correcção e impressão, esticamos para os 100 kwanzas”. Enquanto para outro serviço, a encadernação, o preço varia conforme o volume. Menos de 30 páginas ronda os 250 kwanzas.
EVOLUÇÃO PARA GRÁFICAS
Se, por um lado, são conhecidos pela fotocópia e digitalização de documentos, por outra, é na fotografia onde muitos conseguem tirar dividendos. Entre os serviços que oferecem, a foto normal é a que mais se afirma. Chega a custar 200 kwanzas. Já a foto rápida, em dois minutos, 700 kwanzas. No São Paulo, em Luanda, é onde se concentra o maior número de ‘kónicas’, que se transformam em pequenas ‘gráficas’. Além dos serviços normais, como plastificação de documentos e outros, fazem a revelação de fotografias e impressão em lonas. O nome ‘konica’ deriva de Konica Minolta, uma renomada marca de máquinas fotográficas internacional.
OUTROS NEGÓCIOS
Por se posicionarem junto a várias instituições de ensino, estas lojas também fazem a comercialização de materiais escolares que funciona como um complemento do negócio. Vendem cadernos, lapiseiras, lápis, marcadores, borrachas, folhas brancas para desenho, régua, livros entre outros. Segundo Saul Martins, da ‘konica’ no Golfe II, os mais novos são os clientes mais assíduos. Num único dia, só da venda de lápis e lapiseira, a loja pode facturar até cinco mil kwanzas.
JLo do lado errado da história