Kwanza fraco ‘rouba’ 982 milhões de dólares ao activo do BIC
RESULTADOS. Contas de balanço do último exercício financeiro revelam corrosão nos activos, em dólares, de 13,6% para apenas 6,1 mil milhões de dólares, motivados pela continuada desvalorização da moeda nacional, que fechou o ano passado nos 23%. Em kwanza, os activos ‘engordam’ e chegam a um bilião. Os lucros crescem 27%.
Os activos líquidos do Banco BIC, medido em dólar, caíram 13,6% para 6,1 mil milhões de dólares, até Dezembro de 2016, contra os 7,1 mil milhões contabilizados nas contas de balanço do exercício financeiro anterior, de acordo com os resultados do banco, apresentado há duas semanas pelo seu conselho de administração.
A contribuir está a forte desvalorização da moeda nacional face ao dólar, que, segundo contas da própria administração, se fixou nos 23%, diminuindo aos activos da entidade 982 milhões dólares às contas de balanço do ano passado.
O activo é o indicador contabilístico que melhor sintetiza a situação patrimonial líquida de uma empresa e inclui tudo o que a entidade possui e pode ser avaliado em dinheiro, nomeadamente depósitos bancários, créditos sobre clientes, títulos negociáveis, ‘stocks’ de mercadorias, equipamentos e até as instalações. Ou seja, 6,1 mil milhões de dólares correspondem ao património líquido do banco até Dezembro de 2016. Esta é a segunda vez, desde 2014, que o activo do banco medido em dólar não pára de cair. De 2014 a 2015, o activo baixou 11%, ao sair de 8,1 mil milhões de dólares para 7,1 mil milhões. Outra redução foi de 2015 a 2016, quando o banco perdeu 14% do activo líquido, passando a valer apenas 6,1 mil milhões.
O activo não é a única rubrica do balanço, medida em dólar, que cai ou fecha no vermelho. Aliás, das 21 rubricas que compõem as demonstrações de resultados relativos a 2016, 14 acabam negativas. Ou seja, estão representadas dentro de parêntesis, sinalizando redução.
O volume de negócio, por exemplo, recuou 6%, ao sair de 11,9 mil milhões de dólares, em 2015, para 11,1 mil milhões. Também houve recuo de 3% no crédito à economia medido em dólar, de 6,2 mil milhões a seis mil milhões, assim como para o crédito a clientes (menos 8%) e o extra patrimonial (menos 26%). Só o crédito ao Estado é que não baixa, com um avanço de mais 6%. Se as contas em dólares baixam, o mesmo não acontece para os resultados contabilizados em moeda nacional. Só o activo, ‘andou’ 6% para mais de um bilião de kwanzas contra o registado no exercício do ano anterior.
O volume de negócio deu um salto de 15% para 1,8 mil milhões de kwanzas, mais 240 milhões do que o registado em igual período anterior, calculado em 1,6 biliões de kwanzas. Já no crédito em kwanza, houve crescimento em quase todas as categorias, desde o crédito à economia, com 20%, a clientes, com 13%, e ao Estado, este último que viu as margens subirem 30%, de 419,7 milhões de kwanzas para 546,5 milhões. “Mantemos a nossa aposta no crédito ao Estado Angolano, quer através da aquisição de títulos de Dívida Pública, quer por via de financiamentos directos, o que tem permitido a execução de muitos projectos de infra-estruturas vitais para a população em geral”, assegura o presidente do banco, Fernando Teles, numa mensagem que acompanha o relatório.
LUCRO PERTO DOS 30%
Os ‘resultados líquidos’ são a rubrica em que, quer para o dólar, quer para o kwanza, o banco fechou positivo. Até 31 de Dezembro do ano passado, as contas de balanço do banco apontavam para um lucro na ordem dos 33,6 mil milhões de kwanzas, uma evolução de 27% face às contas de 2015, que contabilizou lucros de apenas 26,5 mil milhões de kwanzas. Em dólar, este montante andou apenas 4%, ao sair de 196 milhões de dólares, em 2015, para 203 milhões.
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