GOVERNO ATIRA RESPONSABILIDADE À ENTIDADE GESTORA

Lojas Nosso Super estão a encerrar em Luanda

COMÉRCIO. Ministério afirma desconhecer o encerramento das lojas. Funcionários dizem-se apreensivos com o futuro. Rede de supermercados enfrenta escassez de produtos em quase todas as lojas.

 

 

Lojas Nosso Super estão  a encerrar em Luanda

Grupo Zahara, que gere a cadeia de supermercados públicos Nosso Super, está a encerrar lojas em Luanda e em algumas províncias há mais de uma semana.

De acordo com informações recolhidas pelo Valor Económico, em Luanda, já foram encerrados quatro estabelecimentos localizados no Zamba, Cacuaco, Sambizanga e Viana. As lojas ficam encerradas ao público, mas os funcionários ainda continuam a trabalhar até ao dia 15 deste mês. Posteriormente, deverão ser dispensados com a promessa do gestor de serem futuramente reenquadrados. “Não temos muita esperança nisso. Estamos com receios. É o nosso trabalho. Há muito descontentamento e como está tudo ainda tememos que outras lojas encerrem também”, confidenciou um funcionário de uma das lojas que não quis ser identificado.

Governo desconhece

O Ministério do Comércio e Indústria garantiu ao Valor Económico que desconhece o encerramento destas lojas. Em resposta ao jornal, o Ministério limita-se a explicar que os estabelecimentos do Nosso Super são “geridos por uma entidade gestora, cujo contrato está em vigência e vai até Janeiro de 2022”. “Esta entidade é responsável pela gestão integrada de todas as lojas da rede Nosso Super e o contrato não prevê o encerramento de parte das lojas”, lembra, garantindo que o Mindcom “não recebeu qualquer informação nesse sentido”.

Algumas mercadorias das lojas encerradas estão a ser levadas para as que ainda se encontram abertas. E, segundo apurou este jornal, após o encerramento das lojas, alguns funcionários recorreram aos ministérios do Comércio e Indústria e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social. Como resposta, obtiveram um pedido que mantivessem a “calma” e foram informados de que não estavam despedidos, mas suspensos.

Em Junho, uma reportagem  deste jornal sobre a situação das lojas, geridas pelo Grupo Zahara, evidenciava a falta de tudo um pouco, inlcuindo de clientes. Havia áreas cobertas para disfarçar a falta de produtos, geleiras vazias e grandes espaços desocupados também faziam parte do dia-a-dia das lojas.

Em declarações ao Valor Económico, o Governo garantia, em Novembro do ano passado, que estas lojas iriam também passar para a gestão privada em data a anunciar.

A cadeia Nosso Super integra o Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População (Presild), lançado em 2007, e que tinha como objectivo modernizar a rede comercial e criar novas oportunidades de negócios e de emprego. A rede tem 32 lojas espalhadas pelo país, mas nem todas se encontram abertas.

O contrato de gestão e exploração da rede Nosso Super, pelo grupo Zahara, entrou em vigor em Janeiro de 2016. A parceria surgiu numa altura em que alguns órgãos de comunicação davam conta de despedimentos por parte do Nosso Super e de falta de produtos nas prateleiras.