DE JANEIRO A NOVEMBRO

Luanda reclamou mais de 90% do crédito em 2016

BANCA. Maior parte do crédito cedido pelos bancos comerciais, de Janeiro a Novembro de 2016, ficou concentrada em Luanda, absorvendo acima de 90% do total do dinheiro libertado. Huíla e Benguela ocupam as posições mais imediatas à capital, com 2,57% e 1,44%, respectivamente. Malanje e Huambo seguem-se e restantes 13 províncias só valem 2,90% da carteira total de crédito.

Luanda voltou a ‘esmagar’ as demais províncias na distribuição de crédito até Novembro do ano passado, recolhendo 91,82% do total do dinheiro cedido pelos bancos para o fomento à economia, de acordo com uma apresentação interna do Banco Nacional de Angola (BNA) a que o VALOR teve acesso.

De Janeiro a Novembro do ano passado, a maior parte do crédito distribuido pelos bancos ficou em Luanda, sendo que parte residual do total foi distribuida à Huíla e a Benguela, com 2,57% e 1,44%, respectivamente. Malanje posicionou-se na quarta posição com 0,81%, ao passo que o Huambo recebeu 0,46%. As 13 restantes províncias totalizaram, até Novembro, 2,90% do total da carteira de crédito de todo o sistema financeiro.

No ano anterior, Luanda já havia liderado a concessão de crédito, com o registo de 0,37% acima das marcas de 2016. O relatório não explica a alteração dos rácios face a 2015, oscilação que pode ser entendida, no entanto, pela actual conjuntura económica que forçou os bancos a apertar nos métodos de concessão de crédito, assim como nas taxas praticadas.

Na classificação por província, o documento não especifica a distribuição do crédito por valores, nem dá explicações sobre os sectores que abosrveram as verbas, mas desagrega o valor percentual por região.

Isolando Luanda, detontora de quase totalidade do crédito cedido, a Huíla aparece à frente com 2,57%, seguido de Benguela, com 1,44%, Malanje, com 0,81%, Huambo, com 0,46%, sendo que as restantes (Bengo, Moxico, Cunene, Namibe, Kuando-Kubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Bié, Cabinda, Uíge, Zaire, Kwanza-Sul e Kwanza-Norte) partilham os 2,90%.

Dados dos primeiros oito meses de 2016 indicam um aumento de 12% do crédito à economia, um valor igual à variação registada em 2015. No capítulo dos activos do sistema financeiro, o documento refere que a carteira de crédito aumentou 19,23%, em Novembro de 2016, comparativamente ao período homologo, provocado pelo aumento do crédito concedido em moeda estrangeira ao sector empresarial privado não financeiro e pela variação cambial. Na quota de mercado do crédito por controlo accionário, destacam-se os bancos privados nacionais com 57,45% sobre o crédito total do sistema financeiro angolano, seguido dos bancos públicos com 31,84%. Num outro relatório produzido pelo consultora Deloitte, o sector do comércio é apontado como a rubrica com maior expressão em 2015, tendo registado um peso de 20% no total dos empréstimos concedidos. Ainda assim, o sector que registou um maior aumento na concessão de créditos em 2015 foi o dos serviços, com um aumento de 35% face a 2014.

De acordo com o último estudo ‘Banca em Análise’ relativo a 2015, o total de crédito líquido ascendeu a 2,7 biliões de kwanzas, o que representa um crescimento de 6% face a 2014. Na repartição do crédito por moeda nacional e estrangeira registou-se uma “ligeira” alteração, tendo-se verifcado uma diminuição de cinco pontos percentuais no peso da moeda nacional entre 2014 e 2015, devido à “variação cambial”.

CRÉDITO POR SECTOR 2016

O banco central indica que o Comércio a grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis, particulares e outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais e construção foram os sectores que mais crédito absorveram. A lista abrange os sectores de produção e distribuição de electricidade, de água e de gás, educação, saúde e acção social, pescas, além das famílias com empregadas domésticas, organismos internacionais e outras instituições extra-teritoriais.

Na rubrica ‘qualidade dos activos do sistema bancário’, o órgão liderado por Valter Filipe considera que o crédito vencido aumentou 29,67% em relação ao período homólogo, resultando num rácio de incumprimento (crédito vencido) de 20,05%, em Novembro de 2016 contra os 18,44% de igual período homologo.

A contribuir está o aumento dos atrasos de pagamentos de créditos no sector privado empresarial não financeiro, justifica o relatório ‘Avaliação sectorial do sistema financeiro nacional’, do BNA, com a data de Novembro de 2016. Já o crédito malparado aumentou em 171,53 mil milhões de kwanzas, mais 37,56% do que no período homólogo, sendo que a “relevância do mesmo na certeira de crédito total aumentou de 13,10%, em Novembro, para 15,12%, em Novembro de 2016”.