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Dez anos de carreira em exposição

Manuel Tomás mostra fotos de crianças

EXPOSIÇÃO. Fotógrafo de profissão há cerca de 10 anos, Manuel Tomás realiza a sua primeira montra individual. ‘Vivência dos Kandengues ll’ vai estar exposta no Museu Nacional de Antropologia de 20 de Junho a 9 de Julho e é dedicada ao mês da criança.

Manuel Tomás mostra fotos de crianças

A exposição ‘Vivência dos Kandengues ll’ é um projecto fotográfico iniciado em 2009, que visa promover os direitos das crianças, incentivar as crianças o gosto pela leitura e estudos e fazer com que os adultos relembram as suas infâncias. Outras pretensões passam por atrair várias sensibilidades, fazendo com que as pessoas se revejam nas histórias e não só e que apelem à mudança de comportamentos e promover a nossa identidade cultural.

O projecto retrata o dia-a-dia dos meninos nas zonas suburbanas, urbanas e rurais nos mais variados aspectos, como crianças a divertirem-se, outras a ajudar os pais nos trabalhos de casa, kandengues com talentos por lapidar, passando as coisas menos boas como maltratos. Há meninos em tenra idade, mas fumadores activos, e crianças inseridas no sistema de estudo, onde não perdem tempo nem lugar, para se dedicarem ao ofício. O projecto, que vai na sua segunda fase, teve como primeira exposição ‘Os perigos na infância’. A segunda fase é expor as ‘Vivência dos Kandengues II’ e a organização já prevê uma terceira parte com o outro tema, ainda por desvendar.

De acordo com o fotógrafo Manuel Tomás, abraçar um projecto pessoal sempre foi um dos seus sonhos, pelo que, “não só para ganhar dinheiro, mas também para ajudar jovens que querem ser fotógrafos e ‘cameramen’. Almeja com a exposição vender e lançar um livro ‘Vivência dos Kandengues’.

Trajectória

A trajectória que o levou à fotografia teve um início “forçado”. Manuel Tomás lembra que, em 1999, os seus pais não tinham condições para pagar os seus estudos, o que o levou a trabalhar num estúdio fotográfico com um tio no São Paulo, em Luanda.

Começou a fazer fotos, tipo passe. Decorrido um ano, ganhou o gosto pela profissão. Apercebeu-se que ser fotógrafo não é apenas trabalhar em estúdio e em casamentos, mas tornar a profissão numa arte. No entanto, o entrave foi a falta de escolas com especialidade para fotografia. Todavia não cruzou os braços. No Centro de Formação de Jornalistas, fez uma formação em fotojornalismo, tendo percebido que era aquilo o que realmente queria: “informar através da imagem”. “Mais tarde percebi que é possível compor poesias e arte nas fotografias jornalísticas. É isso que me dá mais paixão em fazer (fotojornalismo e arte), as fotos de casamentos e outros, faço para não apagar o fogão em casa”, revela com resignação.

Durante anos, trabalhou afincadamente até participar da primeira exposição colectiva com um grupo de amigos, antecedida do concurso Besafoto em 2009, e numa exposição colectiva em 2010.

Perfil

Manuel Tomás, de 38 anos, vive em Luanda, mas é natural do Uíge. Já trabalhou para os jornais ‘Nova Gazeta’, entre 2012 e 2019, e simultaneamente, entre 2016 e 2019, no jornal Valor Económico. Antes, passou pelo jornal ‘Sol’. Já trabalhou para as revistas Caju, Eventos e Caras e colaborou com a Tveja, da TPA. No concurso de fotografia BesaPhoto, teve uma foto entre as melhores, o que lhe valeu uma formação de dois anos, em fotojornalismo. Já participou de uma exposição colectiva em 2010. E tem, na agenda, outra exposição com o fotógrafo Mário Mujetes. Para o final do ano, prevê reunir os trabalhos com sul-africano Sabelo Mlangueny.