May pede respeito à UE
POLÉMICA. Primeira-ministra britânica defende que a proposta da EU para o acordo “ridicularizaria o referendo” e sublinha que “um bom relacionamento” depois da saída do Reino Unido do bloco depende do respeito nas negociações.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, defendeu que a UE deve tratar o Reino Unido com “respeito” nas negociações do Brexit. Em comunicado, a primeira-ministra considera “inaceitável” a posição dos líderes da UE de rejeitarem o plano de saída do Reino Unido sem apresentarem uma alternativa numa altura em que as negociações se encontram em estágio final. “Eu não vou reverter o resultado do referendo nem vou acabar com o meu país.”, sublinhou.
“Ao longo deste processo, tenho tratado a UE com respeito. O Reino Unido espera o mesmo, um bom relacionamento no final deste processo depende disso”, argumentou. “Nesta fase tardia das negociações, não é aceitável simplesmente rejeitar as propostas da outra parte sem uma explicação detalhada e contrapropostas. Por isso, precisamos agora de ouvir da UE quais são as questões reais e qual a sua alternativa para que possamos discuti-los”, defendeu.
As duas partes estão “muito distantes” em relação às principais questões: a relação econômica pós-Brexit entre o Reino Unido e a UE e o “recuo” para a fronteira irlandesa, se houver um atraso na implementação desse relacionamento.
Theresa May insiste não serem aceitáveis as duas propostas oferecidas pela UE para o relacionamento de longo prazo - para o Reino Unido permanecer no Espaço Económico Europeu e união aduaneira ou um acordo básico de livre comércio.
O primeiro “ridicularizaria o referendo”, enquanto o segundo significaria que a Irlanda do Norte seria “permanentemente separada economicamente do resto do Reino Unido por uma fronteira no mar da Irlanda”, argumentou. Theresa May defende “não haver acordo Brexit é melhor do que um mau acordo”.
A declaração surgiu na sequência do encontro realizado no dia 20, em Salzburgo, em que os líderes da UE rejeitaram a proposta de futuros laços económicos, ao mesmo tempo em que prometia oferecer novas propostas sobre a ‘espinhosa’ questão da fronteira com a Irlanda.
No Reino Unido, há quem acredite no sucesso da chefe de governo britânica. “Ela empenha-se pela Grã-Bretanha, defendendo o que vai funcionar no nosso país”,afirmou o secretário de Habitação, James Brokenshire, lembrando que “são negociações difíceis”.
A Grã-Bretanha deve deixar a União Europeia a 29 de Março, mas a falta de acordo provoca algumas incertezas.
Presidente do CE quer ´divórcio´ já
O presidente do Conselho Europeu (CE), Donald Tusk, considera que a proposta apresentada por Londres para as futuras relações comerciais com a União Europeia “não vai funcionar”, e indicou Outubro como prazo para fechar o acordo do ‘Brexit’.
“Apesar de haver elementos positivos na proposta ‘Chequers’ [apresentada pelo governo britânico], o quadro sugerido para a cooperação económica não vai funcionar”, advertiu Tusk, em conferência de imprensa, no final de uma cimeira informal, na Áustria, na manhã de sexta-feira, 21.
A 17 e 18 de Novembro estão agendadas reuniões extraordinárias dos líderes europeus para “formalizar e finalizar” os termos do divórcio. Sem radicalismos, Donald Tusk garante ainda que: “se considerarmos que temos condições para finalizar e formalizar o acordo, convocarei esta reunião extraordinária, não de emergência, mas para pôr um ponto final”, salientou Tusk.
Por seu lado, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reiterou estar preparado para um cenário em que não haja acordo com o Reino Unido.
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