Mercadorias quedam, mas receitas disparam no Porto de Luanda
BALANÇO. Terminal Multiusos que ainda não foi oficialmente entregue à DP World é o que mais contribuiu com 52% da receita. Serviço de transporte de passageiros não registou um único navio de longo curso ao longo do ano.
A movimentação de mercadorias no Porto de Luanda recuou 7% para as 6.665 toneladas, no ano passado, desempenho contrário ao das receitas em kwanzas que registaram um crescimento nominal de 66%, para os 82.645 milhões de kwanzas, no mesmo período.
A administração portuária justifica o volume das receitas com “a taxa de câmbio que evoluiu 37% e o aumento das receitas provenientes do terminal multiusos (em moeda estrangeira) que representam 52% da facturação”.
Por outro lado, o Porto pagou 9 mil milhões de kwanzas em impostos, ao passo que 7 mil milhões de kwanzas foram repartidos entre dividendos e pagamento de salários a 441 trabalhadores.
Miguel Pipa, administrador executivo do Porto, prevê a duplicação das receitas, “depois da entrada em cena do concessionário DP World Limited no terminal Multiusos”, onde serão direccionados investimentos na ordem de 200 milhões de dólares a nível do cais e terraplenos (áreas de armazenagem e movimentação de máquinas do terminal), além de equipamentos com tecnologia de ponta. “Os armadores querem portos ágeis e cremos que esse será o foco da DP World, para atrair carga de tráfego”, antecipa Miguel Pipa, indicando no horizonte a transformação da unidade em porto do tipo A, com profundidade de até 15 metros, com vista a receber navios de grande porte que, por sua vez, alimentariam navios pequenos para outros portos do continente. O gestor lamenta, entretanto, que o Porto de Luanda esteja na “cauda”, na concorrência com os três mais directos da região, no caso o de Walvis Bay (Namíbia) Pointe Noire (Congo) e o da África do Sul.
Miguel Pipa informou, por outro lado, que o ‘Multiusos’ ainda não foi entregue ao novo cessionário, havendo uma comissão liquidatária para a implementação do processo de transição. “A comissão está a trabalhar para acelerar a entrega”, explica.
Em relação à base da Sonils, cujo contrato de concessão expirou no mês passado, Miguel Pita nota que as “conversações já tiveram início e surgiram constrangimentos (não identificados) que impediram que ainda não fosse assinado o contrato de prorrogação para a exploração do terminal”.
Cabotagem na estaca zero
De acordo com Roberto Martins, director comercial e gestão das concessões, no ano passado, o serviço de transporte de passageiros não registou qualquer navio de longo curso no Porto de Luanda. Mas, no ano anterior, ou seja, em 2019, foram registados 1.437 passageiros. E, face à pandemia, não se sabe ainda, ao certo, quando poderá ser retomado o serviço dos ‘catamarãs’ que ligavam o Porto e o Museu da escravatura.
JLo do lado errado da história