Líbano

Ministro dos Negócios Estrangeiros demite-se

03 Aug. 2020 Mundo

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Líbano, Nassif Hitti, anunciou hoje a sua demissão na sequência de desentendimentos com o governo, que gere um país em colapso económico sem conseguir iniciar as reformas esperadas pela comunidade internacional.

Ministro dos Negócios Estrangeiros demite-se
D.R

"Decidi renunciar ao meu cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, desejando sucesso ao Governo e aos responsáveis pela gestão do Estado, mas também desejando que reconsiderem várias das suas políticas e práticas", afirmou Hitti, em comunicado hoje divulgado.

Nassif Hitti lamentou ainda "a ausência de verdadeira vontade de empreender uma reforma estrutural e total, necessária e exigida pela sociedade [libanesa] e pela comunidade internacional".

"Para construir um Estado, é preciso ter espírito criativo, uma visão clara, intenções sinceras e cultura de instituições e de Estado de Direito", observou.

A renúncia ao cargo do ministro acontece cerca de uma semana após a visita ao Líbano do chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, que evocou "o lado passivo" das autoridades e exigiu as reformas esperadas "há muito tempo".

Nassif Hitti reuniu-se hoje de manhã com o primeiro-ministro, Hassan Diab, para apresentar a sua demissão, tornando-se o primeiro membro do Governo a cair perante a severa crise económica e financeira.

O executivo de Diab foi formado no final de Janeiro, vários meses após a saída do seu antecessor, Saad Hariri, na sequência da ameaça de um levantamento popular inédito no país, lançado em Outubro de 2019, contra a "corrupção e incompetência da classe política".

As autoridades iniciaram negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em meados de Maio, mas o processo continua sem sucesso. Quase metade da população libanesa vive na pobreza e 35% está desempregada, segundo estatísticas oficiais.

O Líbano sofre, há vários meses, uma depreciação sem precedentes da sua moeda, aumentos dos preços, despedimentos de trabalhadores e restrições bancárias aos levantamentos de dinheiro e transferências para o estrangeiro.