Morreu o criador de fundos de índices
INVESTIMENTOS. Criador da Vanguard e impulsionador de fundos, John C. Bogle foi considerado um dos quatro gigantes do investimento do séc. XX. Apesar disso, Bogle não era multimilionário. Em 2017, tinha um património de 80 milhões de dólares.
John C. Bogle, que criou o primeiro fundo de índices em 1975 e fundou o The Vanguard Group, morreu, na passada quarta-feira, aos 89 anos. A Vanguard é hoje a maior empresa de investimentos do mundo. E os fundos de índice respondem por biliões em activos. Um dos maiores - o Vanguard 500 Index Fund - tem mais de 440 mil milhões de dólares. Todos os fundos do índice Vanguard somados representam mais de 70% das empresas, quase cinco biliões de dólares em activos, segundo a empresa.
O interesse de John Bogle em investir começou cedo. Como economista, defendeu uma tese sobre fundos mútuos. A tese chamou a atenção de Walter Morgan, um ‘leão’ da indústria de fundos mútuos, que o contratou em 1951 para trabalhar no Wellington Fund.
Em 1974, fundou a Vanguard Company, que é hoje uma das empresas mais respeitadas e bem-sucedidas no mundo dos investimentos. Em 1999, a revista Fortune classificou Bogle como “um dos quatro gigantes do investimento do século XX”.
Bogle é visto como tendo mudado o modo como as pessoas comuns podem investir dinheiro. A Vanguard Group of Investment Companies, que cresceu em 4,9 biliões de dólares com a sua gestão, foi construída com base na crença de que, a longo prazo, a maioria dos gerentes de investimentos não pode superar as médias do mercado de acções.
A ideia de Bogle de investimento em índices marca uma distinção entre investimento e especulações. Para ele, a principal diferença entre investimento e especulação está “no horizonte de tempo”. O gestor defendia que o “investimento está preocupado em capturar retornos a longo prazo com menor risco, enquanto a especulação se preocupa em obter retornos num curto período de tempo”. Bogle acreditava que esta é uma análise importante, uma vez que “os investimentos arriscados e de curto prazo estão a inundar os mercados financeiros”.
Em Fevereiro de 2017, Bogle tinha um património líquido de 80 milhões de dólares de acordo com a revista ‘Business Insider. Durante anos, partilhava regularmente o salário na Vanguard, com acções de caridade.
Depois de se reformar da Vanguard, continuou a escrever sobre mercados financeiros e investidores até à sua morte. Publicou 12 livros. O último, ‘Stay the Course: A História da Vanguarda e a Revolução do Índice’ saiu no mês passado.
Com a esposa Eve Sherrerd, com quem se casou em 1956, Bogle teve seis filhos, 12 netos e seis bisnetos.
Cinco dicas de investimento de John Bogle
1. Manter o curso
Os investidores de longo prazo devem manter acções, mesmo que o mercado seja arriscado, porque ainda devem produzir retornos melhores do que as alternativas. “Os investidores devem resistir a tempestades”, recomendou, numa entrevista ao The Wall Street Journal, em 2016.
2. Cuidado com os especialistas
Em 2017, afastou os investidores mais jovens dos consultores financeiros e aprovou a entrada de conselheiros-robot.
3. Manter custos baixos
Os accionistas do fundo da Vanguard são proprietários colectivamente, portanto não há companhia controladora ou proprietário privado para extrair lucro. “Ao investir, recebe o que não paga. Os custos importam. Investidores inteligentes usam fundos de índice de baixo custo para construir uma carteira diversificada de acções e títulos e continuam no caminho certo. Eles não serão tolos o suficiente para pensar que podem consistentemente superar o mercado ”.
4. Não ficar emotivo
O empresário defende que se invista numa selecção diversificada de acções e títulos, que se confie na aritmética “O impulso é um inimigo”, era uma das premissas. “Elimine a emoção do seu programa de investimentos. Tenha expectativas racionais para retornos futuros e evite mudar essas expectativas em resposta a ruídos efémeros”, aconselhava.
5. Possuir todo o mercado de acções
John Bogle foi o principal defensor da estruturação de um portfólio de investimentos para espelhar o desempenho de um critério de mercado. Em entrevista à CNBC, afirmava que o mercado dos EUA era “uma aposta mais segura” do que outros mercados. “As empresas dos EUA são inovadoras e empreendedoras”, reforçava.
* Com agências
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...