Multimilionário filantropo ameaça a política
CARREIRA. Dos 23 mil milhões de dólares que detinha em 2017, George Soros possui actualmente um património avaliado ‘apenas’ em 8,3 mil milhões devido às doações. Há quem faça contas e calcule que poupou 13 mil milhões USD nos impostos.
George Soros, magnata e filantropo norte-americano, de origem húngara, é considerado por muitos um dos maiores investidores do mundo. Em Fevereiro de 2017, a sua fortuna, segundo a Forbes, estava avaliada em 25,2 mil milhões de dólares, o que faz dele, um dos 30 homens mais ricos do mundo.
A causa pela qual muito se tem dedicado nos últimos anos, a filantropia, estará a transformar-se na sua principal inimiga. O volume de doações, em relação ao seu património líquido, faz com que o multimilionário tenha destinado mais dinheiro do que qualquer outro membro actual da lista da Forbes 400: 79% de sua fortuna foi direccionada no apoio a activistas políticos.
O magnata aumentou as doações nos últimos anos e, em 2017, anunciou que havia transferido 18 mil milhões de dólares para a Open Society Foundation. Esta operação terá afectado, segundo a Forbes, o património que vale hoje cerca de 8,3 mil milhões de dólares.
No entanto, a Bloomberg revela que, com esse ‘investimento’ nas doacções, Soros terá poupado mais de 13 mil milhões de dólares em impostos, aproveitando a lei norte-americana que dá facilidades a quem destine dinheiro à filantropia. Além disso, permite adiar o pagamento dos impostos durante anos.
As iniciativas de George Soros também têm incomodado muitos políticos. O bilionário é acusado de querer impor uma agenda liberal e progressista em todo o mundo. Nos últimos tempos, tem combatido o avanço da extrema-direita e o populismo o que já enfureceu o presidente húngaro e o norte-americano, Donald Trump.
No fim de Outubro, o congressista republicano Matt Gaetz sugeriu que George Soros pagava uma caravana de imigrantes que vinham das Honduras para os EUA. Também a actriz Roseanne Barr acusou o magnata de colaborar com grupos nazis.
Os ataques não abalam o multimilionário. “O meu sucesso no mercado financeiro deu-me um maior grau de independência do que a maioria das outras pessoas possui. Isso permite que possa posicionar-me sobre questões controversas. Na verdade, isso obriga-me a fazê-lo”, escreveu George Soros.
O multimilionário, a 22 de Outubro, teria sido vítima de um atentado - foi encontrado um explosivo na sua casa em Westchester, em Nova York.
DE PORTEIRO A MULTIMILIONÁRIO
George Soros fugiu do seu país natal, a Hungria, em 1946, após a Segunda Guerra Mundial. Trabalhou como porteiro numa empresa de caminho-de-ferro e posteriormente foi servente de um restaurante para conseguir entrar na universidade London School of Economics.
Mais tarde, mudou-se para Nova Iorque, onde fez o caminho para Wall Street e criou o primeiro fundo de cobertura, o Quantum Fund, com 12 milhões de dólares. Em 1992, o agora multimilionário teve um papel importante na desvalorização da libra e supostamente obteve um lucro de mil milhões de dólares. Assim, ficou conhecido como o ‘homem que dobrou o Banco da Inglaterra’.
O multimilionário tem doado, desde então, milhares de milhões de dólares para promover os direitos humanos e a democracia em todo o mundo, através da Open Society Foundation.
George Soros tem também apoiado uma série de grupos liberais, incluindo a Planned Parenthood, a American Civil Liberties Union e a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Intersexuais. Na esfera política, tem sido um grande doador a candidatos do Partido Democrata, como John Kerry, Barack Obama e Hillary Clinton.
Aos 88 anos, é um dos maiores filantropos da América. Ao longo da vida, já terá doado 32 mil milhões de dólares para entidades filantrópicas, o que o coloca atrás apenas de Bill Gates (que doou 35,8 mil milhões de dólares) e Warren Buffett (35,1 mil milhões de dólares).
De acordo com a Forbes, desde 1993, a Open Society Foundation já distribuiu mais de 14 mil milhões de dólares, em grande parte, para grupos que promovem os direitos humanos básicos e os princípios de um governo democrático, como a Amnistia Internacional e a ONU Mulheres. Em 2016, George Soros disse que 500 milhões de dólares seriam destinados a ajudar refugiados, particularmente, aqueles que chegam à Europa.
*Com agências
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